Inácio Arruda ultrapassa conservador em mais de 230 mil votos
Na noite do domingo dia 1º de outubro, a tradicional Avenida da Universidade, em Fortaleza, viveu novamente um momento histórico. Em frente à sede estadual do PCdoB, uma multidão acompanhou a apuração das eleições e ao final explodiu em alegria com a vitória de Inácio Arruda (PCdoB) sobre o candidato direitista Moroni Torgan (PFL). A maioria de Inácio foi superior a 230 mil votos, equivalente a 7% do total, quando os jornais do dia anunciavam um empate entre os dois. Inácio superou Moroni em 125 dos 184 municípios cearenses e em alguns, como Sobral, o comunista chegou a ter quase três vezes mais votos que o candidato da direita cearense.
A eleição de Inácio Arruda para representar o Ceará no Senado é um fato de grande significado para os comunistas e para os cearenses, em particular. O presidente do PCdoB/CE, Carlos Augusto “Patinhas”, explicou que desde dezembro houve um intenso debate no próprio partido sobre a viabilidade da empreitada e depois, dentro da aliança eleitoral, que acabou optando por Inácio ao invés do deputado federal Eunício Oliveira (PMDB). Patinhas lembra que “o partido conduziu com muita paciência e determinação a superação dos problemas internos da coligação e, ao longo da campanha, formou-se uma grande corrente puxada por Cid Gomes, Luizianne Lins, Ciro Gomes, Eunício e os candidatos proporcionais, além do próprio presidente Lula, com o intuito de eleger Inácio”.
“Ganhamos a parada, companheiros!”
Aos que se confraternizavam com sua eleição, Inácio disse: “Deu certo. Nós ganhamos a parada, companheiros!. Mas não é uma vitória do Inácio, nem do PCdoB, nem dos partidos todos que compuseram a nossa coligação. É uma vitória da militância. É uma vitória do povo do Ceará”.
As palavras de Inácio têm um grande significado. O povo cearense, acostumado a ter como senadores empresários e políticos ligados às oligarquias históricas no estado terá, entre seus representantes, a partir de 2007, um senador de origem verdadeiramente popular. Além disso, outro fato importante é que, a partir da eleição de Inácio e Cid Gomes – que ao lado da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, passam a ser as principais figuras políticas do Ceará – vai se formando uma nova configuração de forças políticas no estado. Se o presidente Lula, que no Ceará obteve 71% dos votos, for reeleito, essa tendência poderá se consolidar, na medida em que o senador Tasso Jereissati, principal patrocinador do candidato Moroni Torgan, terá sua derrota aprofundada e passará a cumprir apenas formalmente o restante de seu mandato.
Desmascarando a direita
Inácio ainda não sossegou depois da eleição. Ele agora está totalmente dedicado à reeleição de Lula. “Ainda não foi agora a hora da gente desmascarar esse discurso da direita. Mas vamos desmascarar no segundo turno, vamos com Lula pra ganhar”, tem afirmado com freqüência o senador do povo do Ceará. Para ele, este é o momento de ir às ruas. “Não dá para ficarmos em muitas reuniões. Esta batalha final será vencida pela nossa militância aguerrida e pelo povo, que vê em Lula seu representante legítimo”, advertiu.
A este mesmo povo, Inácio quer dedicar atenção especial em seu mandato, dentro de uma visão mais ampla da atuação de um senador. “Quero poder discutir as principais questões do país e do estado, respondendo às demandas do povo cearense, que vive os problemas comuns ao Nordeste, uma das regiões que mais sofre com a pobreza em nosso país. Por isso é essencial completarmos nossa vitória com a eleição do filho do povo, do presidente Lula”, conclui o líder comunitário que se transformou num dos mais destacados parlamentares cearenses e que representará o Ceará e o aguerrido Partido Comunista do Brasil no Senado Federal.