Mesmo sob efeito da crise financeira internacional, o comércio varejista brasileiro cresceu 5,9 por cento em 2009, impulsionado pelo aumento da renda e por incentivos fiscais do governo, avaliou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Em dezembro, as vendas passaram por uma acomodação após dois meses seguidos de forte alta, mas a perspectiva para este ano é de uma aceleração do crescimento.
"Diante do cenário de crise foi um bom desempenho registrado no ano passado. Se não fosse a crise, poderia ter mantido o padrão de 9 por cento dos últimos dois anos", disse a jornalistas o economista do IBGE, Reinaldo Pereira.
Em 2008, as vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 9,1 por cento e em 2007, 9,7 por cento.
"Mesmo com crise não tivemos perda de massa salarial e renda, houve aumento do emprego; tivemos ainda um retomada do crédito no segundo semestre, inflação mais baixa, juros menores e estímulo fiscal."
Apesar de positivo, o desempenho de 2009 foi o mais baixo desde 2005. Os segmentos de Super e hipermercados e Veículos foram os motores da expansão das vendas em 2009.
O primeiro cresceu 8,3 por cento e respondeu por 68 por cento da taxa global do comércio em 2009. Segundo Pereira, esse é um setor mais sensível à renda e à massa salarial, que foram menos afetados pela turbulência internacional.
Em 2009, apenas o setor de Vestuário, calçados e tecidos fechou em queda, de 2,8 por cento.
Pereira disse que não acreditar que o fim dos estímulos fiscais que animaram o varejo em 2009 possam prejudicar a performance de 2010.
"A crise passou e agora vamos retomar o caminho natural. Se a economia vai crescer 5 ou 6 por cento esse ano, não é preciso de estímulo fiscal", disse ele.
Dezembro em acomodação
O mercado tem a mesma visão, amenizando a queda de dezembro.Depois de sete taxas positivas, as vendas do comércio varejista caíram 0,4 por cento em dezembro sobre novembro. Foi a primeira taxa negativa para um mês de dezembro desde 2003.
"Na nossa visão, essa queda representa uma acomodação, mas não uma tendência. A aceleração modesta mas consistente dos salários, em resultado da melhora do mercado de trabalho, devem animar as vendas no primeiro trimestre de 2010", disse o Santander em nota.
Em relação a dezembro de 2008, as vendas subiram 9,1 por cento. A base de comparação é fraca, já que naquele período o país estava sendo fortemente atingido pela crise mundial.
Economistas consultados pela Reuters previam um crescimento em dezembro mês a mês de 0,1 por cento e uma alta de 10,7 por cento ante o ano anterior. Para 2009, o prognóstico era de avanço de 6 por cento.