A falta de um sistema de transporte público de qualidade, com conforto, segurança e pontualidade, contribui para o caos diário enfrentado por condutores, usuários de ônibus e vans e pedestres. Mudar isso e dotar a cidade de um sistema viário funcional é um dos grandes desafios de Fortaleza. Uma das primeiras medidas a ser adotada pela Prefeitura é reduzir o preço da passagem de ônibus fora dos horários de pico.
A informação foi anunciada, na tarde de ontem, pelo presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza S.A. (Etufor), Ademar Gondim. A tarifa inteira atual é de R$ 1,80. Como incentivo, pode chegar a R$ 1,20, a exemplo da tarifa social, aos domingos.
A ideia, ainda sem data para entrar em vigor, é avaliada pela Prefeitura como uma das alternativas para acabar com filas quilométricas, empurra-empurra nos terminais rodoviários e muita reclamação dos passageiros. Gondim exemplifica com a sua faxineira. "Ela trabalha das 10 às 20 horas e só pega o ônibus depois do horário de sufoco. Assim como ela, muitos podem fazer isso sem problema".
A diminuição da tarifa é vista com bons olhos pelos empresários do sistema. O representante do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira, adiantou que essa é uma das alternativas mais bem-vindas por todos do setor. "Temos um serviço carente nos horários de pico e abundante fora dele. É preciso incentivar a população a preferir andar de ônibus nessas horas e, com isso, equilibrar o sistema", salientou.
A redução da tarifa também é festejada pelos proprietários do transporte complementar. O presidente da Cooperativa de Transporte Complementar, Marcos Vinícius Albuquerque, afirma que quanto mais rápido a medida entrar em vigor, melhor para todos".
"Nem acreditei quando ele (Gondim) falou com a gente. Acho a ideia excelente", diz.
O deputado federal Chico Lopes, autor de requerimento que originou seminário sobre o transporte coletivo urbano, realizado na Assembleia Legislativa, declarou-se a favor da redução. No entanto, externou outras preocupações relativas ao assunto, como a acessibilidade e investimentos no transporte não só em Fortaleza, mas em toda a Região Metropolitana.
"Vem aí a Copa do Mundo e independente dela, nossos problemas de mobilidade urbana precisam ser resolvidos para além dela". Segundo ele, além do transporte, as vias urbanas são grandes desafios".
OUTRAS MEDIDAS
Fim dos estacionamentos
A tarefa para melhorar o trânsito em Fortaleza não se resume a redução de tarifa de ônibus e vans e sim medidas mas duras para quem tem veículo particular. A Prefeitura também deverá acabar com os estacionamentos nos principais corredores do Centro, Aldeota, Dionísio Torres, Bairro de Fátima, Praia de Iracema, Náutico e Papicu.
Na avaliação de Ademar Gondim, representante da prefeita Luizianne Lins no seminário sobre mobilidade urbana, eles dificultam e muito o tráfego. Um dos exemplos, aponta, é aquele existente pouco antes do cruzamento das avenidas Desembargador Moreira e Santos Dumont. "Ali é um caos, toda vez que um veículo tenta parar ou sair do estacionamento, fica um fila quilométrica de veículos aguardando a liberação da via".
Segundo ele, a implantação de estacionamentos pagos no entorno dessas grandes vias será a saída para quem insistir em circular de carro. "É preciso uma medida firme para fazer com que o dono do veículo pense duas vezes em tirá-lo da garagem e encher as ruas da cidade, complicando o trânsito".
Isso, afirma, contribuirá para o aumento da velocidade média dos coletivos, atualmente em 10 Km por hora. "Antes chegava a 23Km horários".
A instalação de ar-condicionado nos coletivos é outra opção estudada pela Prefeitura e empresários do setor. "Isso motivaria ainda mais o pessoal de classe sociais mais elevadas utilizarem o ônibus sem problema".
As duas ações, destaca o coordenador do Transfor, Daniel Lustosa, vão se aliar as obras realizadas em toda a cidade. Serão 45 Km de corredores exclusivos para ônibus e vans e 23 de ruas e avenidas restauradas.
O primeiro trecho do Transfor a ser entregue à população é o que liga os terminais do Antônio Bezerra ao Papicu. "Até o fim de 2010 vamos inaugurar essa primeira parte", diz.