Trabalhadores reagem


Em nota divulgada nesta quarta (), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras), a CUT e a Força Sindical repudiaram a decisão de hoje do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de manter a taxa básica de juros em 13,75%. “O Banco Central (BC) continua jogando contra o desenvolvimento nacional”, diz a CTB. “A política pé no freio do BC consegue ser mais conservadora do que a dos países modelos do neoliberalismo”, agrega a CUT. “A decisão é uma insensatez”, finaliza a Força.

Em resposta, as centrais prometem intensificar as mobilizações pela redução dos juros e por medidas que garantam que os trabalhadores não paguem a conta da crise financeira em curso. O ponto alto das mobilizações, segundo as notas, será o próximo 3 de dezembro, quando as seis centrais (CUT, Força, CTB, NCST, UGT, CGTB)promoverão a 5º Marcha Nacional a Brasília.

Em reunião realizada na manhã desta quarta, na sede nacional da CUT, as seis centrais sindicais decidiram enviar um pedido de audiência urgente com o presidente Lula e o ministro da Fazenda Guido Mantega. Na pauta está a redução dos juros e propostas das entidades pára o enfrentamento da crise no Brasil.

Veja abaixo a íntegra das notas das três centrais.

Nota oficial da CTB:

O Banco Central continua jogando contra o desenvolvimento nacional

A decisão anunciada na noite desta quarta-feira () pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de manter a taxa básica de juros em 13,75%, não é a resposta que o movimento sindical e as forças progressistas que defendem o desenvolvimento nacional reclamam diante da crise econômica do capitalismo internacional, que tem por epicentro os EUA.

Tal deliberação traduz, uma vez mais, a orientação conservadora da instituição, que age com indevida autonomia na contramão dos interesses nacionais, indiferente aos pleitos da classe trabalhadora e de amplos setores do empresariado associado ao setor produtivo.

Frente ao avanço da crise é imperioso e urgente reduzir de forma substancial as taxas básicas de juros, ainda mais se considerarmos que elas foram majoradas nas três reuniões anteriores do Copom, subindo de 11,25% em abril deste ano para os 13,75% atuais. Neste campo, o Brasil devia fazer não o que as potências capitalistas recomendam, através do FMI, mas aquilo que efetivamente fazem.

Nesta mesma quarta-feira, o Federal Reserve (FED, banco central dos EUA) reduziu a taxa básica de juros para 1% ao ano, bem abaixo da inflação (cerca de 5%) pela nona vez consecutiva desde setembro do ano passado, quando os juros estavam estacionados em 5,25%. A União Européia seguiu o mesmo caminho dias atrás. O banco central da China anunciou uma nova redução da taxa básica, para 6,6%, a terceira em seis semanas.

A redução das taxas de juros é indispensável para evitar desdobramentos mais sérios da crise financeira no setor produtivo, o que pode comprometer as modestas conquistas sociais obtidas ao longo dos últimos anos e jogar água no moinho do desemprego. O BC não pode continuar jogando contra o desenvolvimento nacional no Brasil.

A CTB conclama à união das centrais, dos movimento sociais e de todas as forças interessadas no desenvolvimento nacional com soberania e valorização do trabalho e da produção a intensificar a luta pela redução das taxas de juros, contra a autonomia do Banco Central e pela democratização do Conselho Monetário Nacional (CMN).

São Paulo, 29 de outubro de 2008

Wagner Gomes
Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)  
Nota oficial da CUT:

Sobre decisão do Copom

A política pé no freio do Banco Central e do Copom é conservadora até mesmo se comparada à adotada nos últimos dias por países tidos como modelos do neoliberalismo.

Mais do que nunca o Brasil precisa abaixar de forma agressiva a taxa básica de juros e diminuir o superávit primário, como forma de não apenas manter, mas ampliar o fluxo de investimentos. A resposta para uma crise é desenvolvimento, valorização do trabalho e incentivo à geração de emprego e renda.

Por isso, a Central Única dos Trabalhadores vai manter seu calendário de mobilizações e de campanhas salariais, exigindo emprego, aumentos reais de salário, a manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas e a preservação dos investimentos em políticas públicas como educação e saúde.

Medidas de combate à crise – Continuaremos cobrando também o compromisso de contrapartidas sociais – metas de geração de emprego e renda – por parte dos agentes públicos e privados envolvidos nas recentes medidas de combate à crise.

No dia 3 de dezembro, realizaremos em conjunto com as demais centrais a V Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, quando delegações de todo o país novamente irão a Brasília para pressionar os três poderes da República a tomarem decisões a favor da maioria, daqueles que constroem as riquezas reais do Brasil.

Artur Henrique

Presidente nacional da CUT

Nota oficial da Força Sindical:

A direção Nacional da Força Sindical divulga a seguinte nota sobre a decisão do Copom:

 
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa de juros é uma insensatez. Esta medida é perversa e frustra os trabalhadores que esperavam não ser novamente punidos pelos tecnocratas do governo.

No atual contexto da crise econômica internacional e seus reflexos no Brasil, o governo perdeu uma ótima oportunidade de reduzir a taxa de juros, que fomentaria o consumo, aumentaria a produção e, conseqüentemente, a criação de novos postos de trabalho.

Uma queda na taxa básica de juros seria uma ótima resposta da equipe econômica para a crise internacional, que já assombra a economia do país. A queda na taxa básica é uma reivindicação perene dos trabalhadores brasileiros. Manter a taxa neste patamar elevado é penalizar o setor produtivo e os trabalhadores.

Paulo Pereira da Silva (Paulinho)
Presidente da Força Sindical