Os principais dirigentes do Partido Socialista do Uruguai, que integra a coalizão governista Frente Ampla, assinarão no dia 29 de dezembro a petição que pretende revogar a Lei de Caducidade, que anistiou agentes acusados de violação dos direitos humanos durante a ditadura militar que governou o país entre 1973 e 1985.
O apoio do Partido Socialista à anulação da lei, sancionada em 1986 e ratificada por um plebiscito em 1989, foi uma das resoluções definidas durante o congresso que a Frente Ampla realizou no fim de novembro. Na ocasião, a coalizão também oficializou o nome do senador José Mujica como seu pré-candidato às eleições presidenciais de outubro de 2009.
A orientação do partido contrasta com a postura do presidente Tabaré Vázquez, que segue defendendo a manutenção da lei. No início deste mês, por uma série de outras divergências com a base da legenda, Vázquez decidiu deixar o Partido Socialista, ao qual era filiado desde 1983.
Entre as questões que pesaram para a ruptura está o veto dado por ele a uma lei que propunha descriminar o aborto no país para alguns casos. A medida era amplamente apoiada pelo Partido Socialista, que tentou inclusive derrubar o veto presidencial.
A Coordenadoria Nacional pela Anulação da Lei de Caducidade já recolheu 180 mil assinaturas, e espera obter outras 70 mil até o dia 30 de abril. Caso consiga, a revogação da lei poderá ser submetida a referendo em outubro, junto com as eleições.
O prefeito de Montevidéu, Ricardo Ehrlich, o senador José Mujica, o escritor Eduardo Galeano e Macarena Gelman, filha de desaparecidos e neta do poeta argentino Juan Gelman, são algumas das pessoas que aderiram à campanha.