“Saudações a quem tem coragem”


Milhares e milhares de estudantes, trabalhadores, pessoas do povo de diferentes movimentos sociais, ocuparam, ontem dia 16, o vão largo da Esplanada dos Ministérios de Brasília. O tema da manifestação: a crise política. Cansado de tanto ouvir, enojado da hipocrisia de uma direita corrupta e corruptora, que sempre governou contra os trabalhadores e o Brasil, o povo tomou a palavra.


Tomou a palavra para exigir apuração e punição dos corruptos, para cobrar do governo que cumpra os compromissos de mudança e para dizer que não aceita as maquinações da oposição conservadora que, sob falso propósito de moralizar o país, age freneticamente para cassar o mandato do presidente Lula ou mantê-lo acuado e fraco no Palácio do Planalto, sob a chantagem do impeachment.


Nada melhor que a irreverência e criatividade das ruas para expressar verdades cortantes sobre atual momento brasileiro. Os manifestantes gritaram palavras de ordem como: “Ao, ão, ão, abaixo o mensalão!”, que evidencia a justa ira do povo contra a corrupção; “É ou não é piada de salão o neto do ACM falar em corrupção!”, que mostra a indignação da consciência democrática ante a desfaçatez de uma direita que se apresenta como guardiã da ética; e “É golpe, é golpe, por isso eu vou lutar!” que manda um aviso ao conservadorismo de que haverá luta contra o seu plano de cassar o mandato de um presidente eleito.


A manifestação defendeu também uma reforma política democrática que garanta a pluralidade partidária e coloque um fim às campanhas milionárias custeadas pelo setor privado, instituindo o financiamento público das campanhas eleitorais.


Este ato político veio na hora certa e, no principal, com bandeiras também corretas. Por isso se forjou uma “santa aliança” contra o dia 16. Dia que na expressão de Renato Rabelo, presidente do PCdoB, simbolicamente ficará conhecido como data do FICA LULA!, em contraposição, ao “Fora Lula” previsto para ser entoado, no dia 17, hoje, também, em Brasília, por um coral esdrúxulo, embora que recorrente na história, no qual a voz possante da direita tem o auxílio dos berros de uma pretensa “ultra-esquerda”.


Contra o dia 16, organizado pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), voltou-se a mídia, a oposição neoliberal chefiada pelo PSDB e o PFL e a já mencionada “ultra-esquerda”. Está “santa aliança” atacou, sobretudo, a União Nacional dos Estudantes (UNE). Ante a determinação da UNE de chamar novamente os carapintadas para ocuparem as ruas, aquela aliança espúria não hesitou em jogar lama contra a diretoria desta entidade que tantos serviços tem prestado à causa democrática e patriótica do país.


Se a UNE, a Ubes, a CUT, o MST, a Conam e outras entidades e movimentos que integram a CMS tivessem saído às avenidas com o Fora Lula, receberiam com certeza elogios mil pelo “dever cívico cumprido”.


O ato vitorioso do dia 16 agora se propagará pelas capitais e principais cidades do país. É muito importante que desde já as forças populares, democráticas e patrióticas se unam nos Estados para dar seqüência à realização de mais e mais manifestações com as bandeiras desfraldas pelo dia 16.


O Vermelho toma emprestado um verso à música brasileira para sublinhar a importância da mobilização do povo no sentido de que o desfecho dessa crise seja favorável ao Brasil e aos trabalhadores:


“Saudações a quem tem coragem!”. A quem não se rende, a quem não se acovarda e enfrenta a falsa altivez de uma oposição que tantos males já causou ao Brasil e agora trama seu retorno.


A mobilização popular é um poderoso antídoto contra a atual investida que a direita realiza para tentar voltar ao governo da República.