A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou nesta quarta-feira () parecer do Senador Inácio Arruda ao Projeto de Lei da Câmara 93/2008, que estabelece normas para a realização de pesquisas com animais.
De autoria do ex-deputado Sergio Arouca, a proposta estipula critérios para criação e uso de animais para ensino e pesquisa científica, atribuindo ao Ministério da Ciência e Tecnologia competência para licenciar as atividades destinadas à criação de animais, ao ensino e à pesquisa científica de que trata o Projeto, e determina que a criação ou a utilização de animais para pesquisa ficam restritas, exclusivamente, às instituições credenciadas no Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).
Uma condição indispensável para o credenciamento das instituições que realizem atividades de ensino ou pesquisa com animais passa a ser a constituição prévia de comissões de ética no uso de animais. Essas comissões deverão ser integradas por médicos veterinários e biólogos, docentes e pesquisadores na área específica e um representante de sociedades protetoras de animais legalmente estabelecidas no País.
O Projeto determina ainda a obediência às condições e normas de segurança recomendadas pelos organismos internacionais aos quais o Brasil se vincula e estabelece que os animais só poderão ser submetidos àquelas intervenções que forem recomendadas nos protocolos dos experimentos que constituem a pesquisa ou programa de aprendizado. Além disso, o tempo de duração de cada experimento será o mínimo indispensável para produzir o resultado esperado, poupando-se ao máximo o animal de sofrimento, que deve receber cuidados especiais antes, durante e após o experimento.
As penalidades para pessoas jurídicas e físicas que transgredirem as normas incluem advertência, multa, interdição temporária, suspensão de financiamentos provenientes de fontes oficiais e interdição definitiva. Tais penalidades serão aplicadas pelo Concea, sem prejuízo da correspondente responsabilidade penal, de acordo com a gravidade da infração.
Para o Senador Inácio Arruda, o projeto representa um avanço para o desenvolvimento científico: “Uma lei que regulamente a utilização de animais em experimentos é fundamental para viabilizar o progresso da ciência, da pesquisa e da inovação em diversos procedimentos, inclusive cirúrgicos. É uma matéria complexa, que teve longa tramitação na Câmara dos Deputados e que terá o mérito discutido nas comissões temáticas para as quais o projeto foi distribuído no Senado”, afirmou.
A reunião da CCJ foi acompanhada pessoalmente pelo Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Marco Antônio Raupp, e pela vice-presidente Helena Nader.
O projeto segue agora para análise de mais duas comissões: a de Educação, Cultura e Esporte (CE) e a de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), onde será votado em decisão terminativa.