PCdoB avalia que governo e base aliada precisam partir para o contra-ataque


          Para Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, é preciso trazer o PMDB para o governo, adotar uma agenda política positiva, conter a taxa de juros e destravar o desenvolvimento. Os comunistas também defendem a necessidade de mobilizar a sociedade e reunir forças conseqüentes e pessoas representativas, do governo e fora dele.
          Na manhã desta segunda-feira (/6), a Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil reuniu-se e atualizou suas reflexões e linhas de ação em face da crise política em andamento no país. Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, abriu a reunião com uma avaliação do quadro que, em sua opinião, é de grande turbulência política. Ele sublinhou que a oposição conservadora dá seguimento ao seu ataque contra o governo com o objetivo de extenuá-lo e imobilizá-lo. “Pretendem “sangrar” o governo progressivamente para ter um adversário exangue em 2006″. “O que está em curso é uma operação para o retorno do PSDB-PFL ao Palácio do Planalto”, argumentou Renato.
          O presidente do PCdoB ressaltou que a oposição, nesta investida, conta com o apoio maciço dos veículos de comunicação. Para corroborar esta avaliação, Renato comentou uma recente análise do professor Wanderley Guilherme dos Santos à revista Carta Capital na qual se desnuda o papel da imprensa nesta crise como semeadora da desestabilização e desmoralização do governo, algo, aliás, recorrente na história brasileira.
          Renato foi enfático ao dizer que as entrevistas de Roberto Jefferson são peças de provocação, cujo alvo são o PT (e a sua cúpula), os partidos da base aliada como o PL e o PP, e o governo. “Esse é o alvo dessas denúncias das quais o próprio Roberto Jefferson diz não ter provas. Mas que a imprensa divulga com status de verdade”.
De réu, envolvido no escândalo da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (onde foi denunciado como beneficiário do desvio de pelo menos 400 mil reais), Roberto Jefferson passa a acusador, diz Renato, e arroga-se mesmo a prerrogativa de julgar, colocando uns em desgraça e dando atestado de bom comportamento a outros. “Tudo isso preparado”, diz Renato. “É uma indignidade a vida política do país ser pautada dessa maneira.”
          Ante o acirramento da luta política que deriva um quadro de  instabilidade e até de certa imprevisibilidade, Renato analisa que o imobilismo ou acovardamento seriam extremamente negativos. Nessa situação, ele aponta que o governo e a base política que o sustenta precisa “recompor as linhas de defesa e preparar o contra-ataque.”
Para que seja preciso empreender esta contra-ofensiva, Renato enumerou algumas medidas que urgentemente precisam ser adotadas.  Primeiro, é preciso que o governo Lula continue o firme combate à corrupção. Ao mesmo tempo, propõe o dirigente comunista, Lula precisa recompor o governo a fundo, trazendo o PMDB para um papel importante. Numa situação como esta, vale mais o gesto do que o discurso, ressaltou. Além disso, o governo precisa adotar uma agenda política para resolver problemas importantes do ponto de vista econômico e social, sinalizando a disposição de destravar o desenvolvimento, conter a taxa de juros, usar o superávit para investimentos, além de medidas nas áreas sociais, como saúde e educação. Finalmente, é preciso mobilizar a sociedade, e aquela agenda é fundamental para criar condições para essa mobilização social; será preciso também reunir forças mais conseqüentes e pessoas representativas, do governo e fora dele. O “alvo é a oposição conservadora”, ressaltou Renato. “Este é o alvo principal: desmascarar essa oposição”.