“Devido a Israel não ter libertado o último grupo de prisioneiros, o Estado da Palestina não está mais obrigado a adiar seu direito de acessar tratados multilaterais e convenções”, informou a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) em comunicado.
Os documentos foram assinados na terça-feira (01/04) pelo presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, em evento televisionado. Participaram da entrega dos tratados, além de Robert Serry, representante da ONU, o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, e representantes diplomáticos da Holanda e da Suíça.
O presidente da ANP explicou ontem que a medida era uma resposta à violação de Israel do acordo para liberar o último grupo de 104 presos palestinos que cumprem condenação por delitos cometidos antes do primeiro acordo de Oslo, de 1993.
Agência Efe
Mahmoud Abbas (direita) assinou ontem documentação para aderir a tratados internacionais, na presença de Saeb Erekat
Em julho do ano passado, após ter obtido – oito meses antes – o reconhecimento da Palestina como Estado observador da ONU, Abbas se comprometeu a não buscar mais adesões durante os nove meses que durassem as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos, o que seria uma moeda de troca pela libertação dos 104 presos.
Na semana passada, porém, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanayhu, negou-se a libertar a quarta e última leva de presos, o que agravou ainda mais a crise atual das negociações de paz dirigidas pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
A OLP assegurou que os pedidos de adesão não significam o rompimento do processo de paz. “Espero que Kerry siga com seus esforços nos próximos dias. Não queremos o final das negociações”, afirmou o secretário-geral do Comitê Executivo da OLP, Yasser Abed Rabbo, em declarações a um grupo de jornalistas em Ramallah.
Entre os convênios e tratados que os palestinos pediram adesão estão a Quarta Convenção de Genebra de 1949, a Convenção de Viena de Relações Diplomáticas e a de Relações Consulares, a Convenção sobre os Direitos da Criança e a de Eliminação de Toda Forma de Discriminação da Mulher, informou o comunicado da OLP.
Resposta

O ministro de Construção e Habitação de Israel, Uri Ariel, pediu que Netanyahu anule os Acordos de Oslo, em represália aos pedidos de adesão da Palestina. “O pedido dos palestinos à ONU significa quebrar as regras, romper os acordos, e nós devemos responder com a mesma moeda e anular os Acordos de Oslo, que só nos trouxeram terrorismo e mortos”, pediu Ariel em seu perfil no Facebook.
Assinados entre 1993 e 2000, os Acordos de Oslo foram os primeiros passos concreto de israelenses e palestinos rumo à paz, mas sua aplicação foi dificultada desde o início pela ação de grupos extremistas.
Pouco depois de saber da entrega da documentação, Ariel afirmou que “os palestinos demonstraram que não se pode fazer nenhum agrado a eles, nem libertar terroristas e assassinos”.