MDIC: Secretário debate na FIEC modelo de política industrial


A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), entregou na manhã desta quinta-feira (28.03), ao secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, o projeto Indústria Viva, uma iniciativa que vem sendo construída entre FIEC, setor produtivo, academia e setores do governo para impulsionar a indústria cearense.

 
O conceito principal é a interiorização do desenvolvimento, contemplando sete polos regionais (Região Metropolitana de Fortaleza, Cariri, Pecém, Iguatu, Sobral, Sertão Central e Limoeiro do Norte). A ideia é consolidar áreas de desenvolvimento mediante a disseminação de aspectos como inovação, capacitaçãoo e melhoria da competitividade.
A entrega do projeto ocorreu durante palestra sobre a política industrial brasileira, em café da manhã no qual Alessandro Teixeira falou na FIEC a empresários, parlamentares, entre eles, o senador Inácio Arruda, e representantes do poder público.

 

A visita do membro do MDIC serviu ainda para ele apresentar detalhes das açães do governo federal na área da indústria, como o Plano Brasil Maior e a política de desoneração de alíquotas. Alessandro destacou o crescimento do Nordeste nos últimos anos, citando como causa a inversão de prioridades do governo federal, que passou a ver a região por suas potencialidades. Citou o ex-presidente Lula, lembrando que sempre ele dizia que bastaria “uma forcinha para a região crescer”. Para Alessandro, isso vem acontecendo graças a política econômica do governo, que privilegia o desenvolvimento com justiça social.
Alessandro destacou que o aumento do consumo interno no Brasil tem muita relação com a justiça social proporcionada pelo atual modelo de política econômica, interferindo diretamente na melhoria da condição econômica do Nordeste. O representante do MDIC afirmou que o melhor posicionamento econômico do país se reflete no exterior, com nossos indicadores atraindo investimentos externos diretos. “E não estou falando em investimento de capital, mas destinado ao setor produtivo.” Ele alertou, por outro lado, que, se os investimentos estão vindo, não significa que essa situação perdurará sem que haja estrutura para esse investimento se desenvolver. Nesse aspecto, citou o Ceará e a FIEC, que, na sua visão, estão se preparando para aproveitar tal momento. “Tenho visitado muitas entidades, mas não vi nada parecido com o que vocês me entregaram”, referindo-se ao projeto Indústria Viva.

 

O secretário-executivo do MDIC lembrou que, em vista do quadro pelo qual o país está passando, estaremos em 2014/2015 posicionando 60% de nossa população na condição de classe média. Em 2003, esse percentual era de 38%. Além disso, em 2015 o país terá erradicado a pobreza extrema. Tudo isso significa queda da taxa de desemprego e aumento da massa salarial, que impacta diretamente no aumento do consumo interno. Ele ressaltou ainda que o modelo de desenvolvimento econômico passa pela indústria, e a mola mestra disso é o vetor investimento. “É claro que estamos apenas no começo e que precisamos avançar. Mas já alcançamos muito”, afirmou. Para isso, lembrou, o governo começou incentivando as exportações, depois o consumo interno, e agora atua na melhoria da infraestrutura. “Esse último aspecto é fundamental, pois sem infraestrutura a coisa não anda.”

 
Alessandro afirmou também que o governo entende que precisa atuar fortemente em alguns pontos para garantir os avanços. O primeiro é uma política industrial. “Não existe país forte sem uma indústria forte.” Para ele, todavia, o conceito de indústria hoje não é mais o mesmo. “Não podemos dissociar mais a indústria do serviço. A indústria agora vai do pré ao pós-venda”. O segundo fator a ser impulsionado é o do investimento. “É ele que puxa a economia.”  Um terceiro vetor se refere à política social: “Muita gente não tem ideia do efeito de um programa como o bolsa-família”. Finalmente, Alessandro destacou a importância da questão educacional: “Na próxima década, a Petrobras vai precisar de 140 mil engenheiros”, citou como exemplo do que se pode esperar pela frente.

 

Queixas
A conversa de Alessandro Teixeira com convidados na FIEC, porém, não tratou apenas de política industrial. Apesar do reconhecimento de avanços nos últimos anos, o representante do MDIC ouviu diversas queixas sobre a falta de apoio ao desenvolvimento da região Nordeste. Segundo o vice-presidente da FIEC, Carlos Prado, a região não vem sendo tratada como merece, e não é de agora. “Há 40 anos participo de debates sobre a região e nossa participação no PIB do Brasil é praticamente a mesma”. Ele afirmou que muito se fala sobre o superavit da região Sudeste, mas quem de fato sustenta esses dados positivos é o Nordeste, tanto por enviar dinheiro para as matrizes das empresas aqui instaladas, como recursos financeiros que deveriam servir para o nosso desenvolvimento.

 
Outra crítica forte ouvida pelo secretário do MDIC foi sobre a proposta de unificação da alíquota do ICMS, o que tiraria da região o poder de atração de investimentos. “Sem isso, viveremos um desastre”, afirmou o subsecretário da Fazenda, João Matos.
O senador Inácio Arruda (PCdoB) bateu na mesma tecla, lembrando que Sobral, por exemplo, graças a esses incentivos, é outro município. “Sobral é um antes, e outro depois da chegada da Grendene”. Ele lembrou que muito se fala em guerra fiscal no Brasil, mas, na verdade, o que ocorre é uma luta de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo contra o resto do país. Já o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, disse que a sensação que há é de que falta uma política de longo prazo na área econômica para o Brasil: “Muita coisa típica tem sido feita, mas sentimos necessidade de algo mais a longo prazo”.

 

Fonte: FIEC

 

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