Mais de 180 mil participam das manifestações em todo país


Nas principais capitais do país, mais de 180 mil pessoas “gritaram” contra a exclusão social e a atual política econômica, concentração de renda e a corrupção. O lema deste ano foi “Brasil, em nossas mãos a mudança”. De acordo com dados da ONU divulgados ontem, a renda do brasileiro caiu mesmo com a elevação do IDH de 0,790 para 0,792. Outro índice da ONU é o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que mostra 10% dos brasileiros mais ricos ficam com 46,9% da renda do país, enquanto os 5% mais pobres ficam com apenas 0,7%.


Um dos pontos do manifesto distribuído pelos movimentos sociais que participaram do Grito dos Excluídos em Brasília é a defesa de uma reforma política “profunda e radical”. A intenção, de acordo com o manifesto, é devolver à população o direito de decidir sobre as questões estratégicas para o país. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, defendeu a realização de plebiscitos e referendos para garantir a participação popular. Segundo ele, essa é uma forma de garantir que a base de sustentação ao governo “não seja simplesmente uma base de partidos dentro do Congresso, seja uma base através dos movimentos sociais, da Igreja e do conjunto da sociedade”.


Os participantes realizaram um ato ecumênico em frente à catedral de Brasília. Para simbolizar a exclusão social no país, eles colocaram pães e rosas vermelhas sobre uma bandeira do Brasil estendida no chão, ao lado de outra do MST. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, 250 manifestantes participaram da mobilização contra a política econômica, a corrupção e a permanência de tropas brasileiras no Haiti. Mas, segundo os organizadores, o protesto reuniram aproximadamente 500 pessoas.


Nota


O Grito dos Excluídos é uma iniciativa da Campanha Jubileu Sul, Cáritas Brasileira, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, Movimento Nacional dos Catadores e entidades sociais. A manifestação pediu, entre outras reivindicações, o cumprimento da meta para a reforma agrária. Para cobrar do governo o assentamento de 115 mil famílias até o final do ano, como está previsto no Plano Nacional de Reforma Agrária, o MST quer promover em todo o país uma série de manifestações e ocupações de nos próximos três meses.


“Queremos conversar com o governo, fazer ocupações, pressão, fazer marcha pelas capitais, fazer um conjunto de ações por todo país”, disse o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues. “Serão atividades normais, onde o MST deverá intensificar as lutas e denúncias para que o governo possa cumprir as metas”, completou. O Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou nota reafirmando que as metas serão cumpridas. Segundo o ministério, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já dispõe de áreas para o assentamento de 74 mil famílias em 2005.


Vejam os números de participantes do Grito nas principais capitais, de acordo com a organização:


Maceió – 3 mil
Manaus – 10 mil
Salvador – 30 mil
Fortaleza – 15 mil
Brasília – 250 pessoas
Cuiabá – 2 mil
Belo Horizonte – 3 mil
Curitiba – 600 pessoas
Rio de Janeiro – 2.500 pessoas
Porto Alegre – 1.700 pessoas
Florianópolis – 600 pessoas
São Paulo (Aparecida, Capital e Campinas) – 114 mil