Um tribunal argentino condenou hoje à prisão perpétua o ex-general Jorge Olivera Róvere por crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura, depois de um processo considerado um dos mais importantes dos últimos 25 anos no país.
A Corte condenou também à mesma pena o coronel retirado Bernardo Menéndez e absolveu os ex-militares Felipe Alespeiti, Humberto Lobaiza e Teófilo Saá.
Róvere, de 82 anos e braço direito de Carlos Suárez Mason, um dos símbolos da ditadura, e os outros antigos militares eram julgados desde fevereiro passado por mais de 120 casos de sequestro e desaparição.
Só nove das vítimas sobreviveram. Entre os mortos estão o escritor argentino Haroldo Conti, os legisladores uruguaios Zelmar Michelini e Héctor Rodríguez Ruiz, e os guerrilheiros tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw.
O advogado Luis Bonomi, da acusação, criticou a decisão dos juízes por terem absolvido três militares e por permitirem que os dois condenados permaneçam em liberdade até que a sentença seja ratificada por uma corte superior.
Antes de ouvir o veredicto, Róvere, que chegou ao julgamento em liberdade, disse não ter dado ordens que infringissem os direitos humanos e considerou que houve um "mendaz exagero" da repressão, que, segundo números não oficiais, deixou 30 mil desaparecidos.
O promotor federal Félix Crous tinha pedido prisão perpétua para Róvere e Menéndez, e 25 anos de prisão para outros três envolvidos.
A audiência final foi acompanhada por vários parentes dos acusados e membros de organismos humanitários, que reagiram com indignação ao ouvirem a sentença.