
Dos 194 transplantes de fígado realizados no Ceará em 2013, 130 aconteceram no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). O hospital passou a ser a principal unidade de transplantes da América Latina
No Ceará, somente este ano (até o dia 9 de março) 243 transplantes de órgãos e tecidos foram realizados. O Estado vem registrando recordes de transplantes nos últimos anos e unidades como o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) são parte importante desse cenário. Dos 194 transplantes de fígado realizados no Ceará em 2013, 130 aconteceram no hospital.
Os números do HUWC o colocaram como a principal unidade de transplantes da América Latina, ultrapassando o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que realizou 102 transplantes no ano passado. Em 2014, dos 43 transplantes de fígado já registrados no Estado, 37 foram no HUWC.
Os números também afetam a espera de tantos pacientes. A taxa de mortalidade dos que estão no aguardo por um fígado no Hospital caiu de 47,79% em 2010 para 11,84% em 2013.
O médico Huygens Garcia, chefe do Serviço de Transplante Hepático do HUWC, ressaltou o trabalho da equipe da unidade e da Central de Transplantes. Para ele, tais conquistas consolidam o Hospital como o maior serviço da América Latina e ressaltam a importância do hospital público. É a primeira vez que uma unidade fora do eixo Sul-Sudeste conquista esse primeiro lugar em transplantes.
Sobrevida
Muito mais importante do que o número de transplantes realizados, no entanto, é a recuperação desses pacientes. Em 2013, as pessoas transplantadas no HUWC apresentaram sobrevida de 84,3%.
Segundo o médico Huygens Garcia, a experiência da equipe com a técnica operatória desse procedimento complexo e a melhoria do serviço da unidade hospitalar são importantes para a conquista da sobrevida.
Além disso, o maior número de doações – o que permite a realização do transplante em pacientes que ainda não estão em estado grave – oferece melhores condições para a equipe e para o transplantado.
Débora Suyane diz a data sem precisar recorrer um segundo à memória: 13 de junho de 2003 foi o dia em que ela se tornou a 21ª transplantada da unidade. Com 30 anos e uma hepatite autoimune, ela passou seis meses na fila de espera, em casa e já em uma situação grave.
Com o transplante bem-sucedido, ela hoje continua a usar medicamentos imunossupressores e sendo acompanhada no HUWC.
Desde o início do serviço de transplantes no HUWC, em 2002, já foram realizados 937 intervenções na unidade. Como este ano a Universidade Federal do Ceará (UFC) completa 60 anos de existência, o reitor Jesualdo Farias propôs um desafio para a equipe do HUWC: realizar o milésimo transplante de fígado antes do fim do ano, possibilitando uma comemoração dupla na instituição.
Serviço
Para saber mais
sobre o transplante de órgãos, acesse: migre.me/igJxb
Números
O Ceará realizou 1.361 transplantes em 2013. Foram 265 transplantes de rim, 10 de rim/pâncreas, 30 de coração, 194 de fígado, 8 de pulmão, 55 de medula óssea, 9 de valva cardíaca, 762 de córnea, 27 de esclera e um de osso.
Em números absolutos, o Ceará foi o 8º do País na realização de transplantes de rim, 2º de fígado, 2º de coração, 5º de pâncreas, 3º de pulmão, 9º de medula óssea e 5º de córnea.
Com relação a sua população, o Ceará foi o que mais realizou transplantes de fígado no País, com 23 transplantes por milhão de habitantes.
Em 2013, o Ceará registrou 527 notificações de potenciais doadores. Somente 179 doadores tiveram seus órgãos realmente transplantados.
O Ceará é o terceiro no País em efetivação de doadores em relação ao número de notificações.
Das 527 notificações, foram realizadas 354 entrevistas, das quais 157 resultaram em recusa.
Atualmente, 870 pessoas aguardam por um transplante no Ceará.
FONTE: Registro Brasileiro de Transplantes (dados de 2013)
Jornal O Povo