O militar da reserva Ollanta Humala assume nesta quinta-feira (28/07) a Presidência do Peru com um importante desafio: manter a estabilidade econômica de um país que, na última década, manteve índices de crescimento invejáveis e distribuir a renda aos setores mais marginalizados, que votaram nele e que representam 34% da população.
Inspirado no ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, Humala quer ampliar os programas sociais como o Juntos – a versão peruana do Bolsa Família, que atende a 471 mil famílias. O problema é que a carga tributária no país é pequena e o orçamento do governo também.
"O grande desafio de Humala será repetir o modelo de Lula: conseguir fazer um processo de inclusão social gradual, que satisfaça as aspirações daqueles que votaram nele porque querem uma mudança", disse o analista político argentino Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria.
Uma das propostas em discussão no novo governo peruano é a adoção de um mecanismo semelhante ao argentino para aumentar o caixa do governo. A Argentina aplica retenções (um imposto) às exportações de grãos que têm crescido com o boom das commodities. O Peru quer fazer algo parecido com os lucros das empresas de mineração.
Humala foi eleito presidente no último dia 19 de junho, com 51,5% dos votos. Sua vitória foi atribuída a uma mudança de atitude. Considerado discípulo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ele moderou o discurso e seguiu os passos de Lula: na campanha divulgou uma Carta ao Povo Peruano, comprometendo-se a manter a estabilidade econômica e prometendo uma melhor distribuição da renda.
Uma vez eleito, ele deu um sinal claro de que a adoção de políticas sociais não implicaria em uma mudança da política econômica, que permitiu ao país crescer mais de 8% no ano passado. Para o cargo de ministro das Finanças, ele nomeou Luis Castilla, vice-ministro no governo de seu antecessor, Alan Garcia. Além de Castilla, ele nomeou para o cargo de primeiro-ministro o empresário Salomon Lerner Ghitis.