Hospital de Messejana é referência nacional e o único do Norte e Nordeste a realizar transplante cardíaco pediátrico
O Brasil é referência mundial no campo dos transplantes e, atualmente, mais de 90% dos procedimentos no País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), que integra a rede SUS no Ceará, alcançou a marca de 300 transplantes cardíacos. Com isso, o HM tornou-se o terceiro centro transplantador do País a atingir esse número, depois do Instituto do Coração (Incor) e do Instituto Dante Pazzanese, os dois de São Paulo. O comerciante de Redenção (CE), Francisco Wellington Benedito Muniz, de 54 anos, é o transplantado de número 300.
Francisco era portador de miocardiopatia dilatada idiopática e recebeu o novo coração no mês de maio. O hospital informou que o paciente já está em casa e passa bem. Em pouco tempo o comerciante estará apto para voltar às atividades normais. Depois de Francisco, outros dois transplantes de coração já foram realizados na unidade.
Segundo o coordenador do Serviço de Transplante Cardíaco do Hospital de Messejana, Dr. João David de Sousa Neto, a importância do serviço de transplantes vem aumentando ao longo dos mais de 15 anos em que o hospital realiza esse tipo de cirurgia. “Se não tivéssemos um espaço para termos realizado os 300 transplantes, esses pacientes não teriam recebido o benefício e teriam que ir para São Paulo para receber um novo coração. Isso mostra o crescimento da medicina em todas as regiões do país em função do SUS e prova que, com o investimento adequado, podemos fazer tão bem quanto os grandes centros do País”, defende o coordenador.
O Hospital de Messejana é referência nacional em transplante cardíaco e o único do Norte e Nordeste a realizar transplante cardíaco pediátrico. O primeiro transplante de coração do HM foi realizado em 1997. A partir de 1998, ano da implantação da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado, foram realizados mais 299 transplantes, oito deles em 2014.
Caracterizado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação como Hospital de Ensino, a unidade integra também a Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino, ligada ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, compondo também a Rede Nacional de Hospitais Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda neste ano, o HM dá início a ações como Centro de Tutoria em Transplante e Doação de Órgãos. O projeto começa em agosto e terá duração de dois anos.
“O SUS é um sucesso e temos que difundir isso nas regiões Norte e Nordeste. Vamos disseminar o conhecimento da nossa equipe em cinco outros centros que ainda não começaram transplantes no Brasil, para que possamos realizar mais transplantes e contribuir para a diminuição da lista de espera”, conta Dr. João David de Sousa Neto.
Novo cenário
Os transplantes de maior complexidade foram os que mais cresceram no País nos últimos anos. Os avanços concentram-se, sobretudo, nas cirurgias de órgãos sólidos, em que o crescimento foi de 18% entre 2010 e 2013, chegando a 7.579 atendimentos. Nesta categoria, destacam-se os transplantes de coração, com aumento de 60%. Considerando todos os tipos de transplantes, o Brasil passou de 21.040 cirurgias, em 2010, para 23.457, em 2013. Os procedimentos considerados mais complexos não são os de maior número de casos realizados no País, mas eles exigem melhores serviços e equipes, desde a organização da captação de órgãos até a cirurgia e acompanhamento da recuperação dos pacientes.
Em 2010, 59.728 pessoas estavam na lista nacional de espera e, em 2013, esse número passou para 38.074. O controle do atendimento aos pacientes é realizado pelas Centrais Estaduais de transplantes, que mantém em seus cadastros todas as informações sobre compatibilidade e situação de saúde do paciente.
O aumento do número de doadores é um dos aspectos que também impacta na fila de espera. O número de doadores efetivos no Brasil passou de 1.896, em 2010, para 2.562, em 2013, um aumento de 35,6% no número de famílias que optaram por doar os órgãos de seus parentes. Com isso, o indicador de doadores por milhão de habitantes passou de 9,9 em 2010, para 13,4 em 2013, um salto importante para alcançar a meta do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde de chegar a 15 doadores por milhão de habitantes até 2015.
Fonte: Blog da Saúde