O ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pretende organizar ainda este ano a maior missão já promovida pelo governo à região do Araguaia para, mais uma vez, tentar encontrar ossadas de guerrilheiros mortos na ditadura militar. Desta vez, porém, ele quer reunir "dezenas de pessoas", com apoio das Forças Armadas, e espera que o governo gaste "o que for preciso".
Em entrevista ao Estado, Vanucchi disse que o assunto já foi levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Informou ainda ter pedido a Lula que, como comandante supremo das Forças Armadas, faça declaração pedindo desculpas pelos crimes cometidos pelos militares. "O governo precisa dar uma demonstração nítida de empenho em dar solução a esse tema."
O Araguaia, na época ainda parte do território de Goiás, foi palco de um movimento de esquerda severamente reprimido nos anos 70 pelos militares. Os militantes do PCdoB começaram a chegar em 1966, com o sonho de iniciar uma revolução a partir do campo, como ocorrera na China e em Cuba. Calcula-se que foram mortos cerca de 80 militantes nas operações de repressão, que duraram até 1974.
Segundo Vanucchi, os gastos com a busca pela verdade do que ocorreu no regime militar correspondem a 5% do orçamento da secretaria. O ministro, que está em Genebra para o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), tenta convencer Lula de que a missão precisa ocorrer este ano, fora de período eleitoral. Além disso, as escavações devem vir antes de setembro, quando começa o período das chuvas. Em dezembro de 2006, na estação mais úmida, o governo custeou uma viagem ao Araguaia, mas nada encontrou.
"Precisaremos de algumas dezenas de pessoas, inclusive do Ministério da Defesa, da Justiça, familiares e militares. O Exército e a Aeronáutica serão fundamentais", afirmou. "O governo precisa gastar o que for preciso para isso. Não sei se vamos localizar alguma coisa, mas precisa ser feito", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.