A Ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, disse em uma entrevista à BBC que a França está disposta a não assinar a declaração final da Cúpula do G20, que começa na quinta-feira, se ela não incluir um acordo para a adoção de mecanismos regulatórios mais rigorosos para o sistema financeiro.
Falando no programa HardTalk, do canal de TV BBC World, Lagarde disse que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, espera que a reunião em Londres resulte em algo substancial nesse sentido.
"O presidente Sarkozy foi muito claro nesse sentido. Ele disse que, se o que (achamos que) devemos produzir não estiver lá, nós não assinaremos o comunicado", disse. "Eu acho que ele está muito determinado."
O fortalecimento do sistema regulatório para o mercado financeiro deve ser um dos principais temas da reunião de cúpula.
Entretanto, a França e a Alemanha defendem um maior controle do mercado do que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que preferem apostar na adoção de medidas adicionais para estimular a economia.
Paraísos fiscais
"O que eu sei com certeza é que nós não podemos fracassar e não podemos nos dividir. Precisamos estar unidos e determinados", afirmou Christine Lagarde.
"Enquanto houver pequenas brechas pelas quais o dinheiro possa fluir para dentro e para fora e as pessoas possam explorar, não vai funcionar."
Como exemplo, Lagarde defendeu a "erradicação" dos paraísos fiscais. "Eu sei que (o primeiro-ministro britânico) Gordon Brown disse que velhos paraísos fiscais não têm nada a ver com este novo mundo."
Fronteiras morais
Tanto Brown como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixaram claro que esperam que a cúpula de Londres resulte em um maior estímulo à economia mundial.
"Os líderes que se encontrarão em Londres precisam suprir com o oxigênio da confiança a economia global de hoje e dar aos povos de todos os países esperança renovada no futuro", disse Brown.
O premiê britânico disse que o encontro deve restaurar a moralidade do sistema financeiro, e ressaltou ser favorável à adoção de mais mecanismos de controle, como defende a França.
"Eu acredito que a globalização sem supervisão de nossos mercados financeiros não apenas fez com que fronteiras nacionais fossem cruzadas, mas também fronteiras morais."
Além do controle do sistema financeiro, a cúpula do G20 também deve discutir a injeção de mais recursos em organismos internacionais de crédito, como o FMI, para ajudar países afetados pela crise, e também a ampliação do governo global, entre outros assuntos.