O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), divulgado nesta sexta-feira () pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou piora em junho deste ano, com queda de 1,6% na comparação com março de 2008 e 1,2% na comparação com junho de 2007.
O INEC é resultado de pesquisa realizada pelo Ibope com 2002 pessoas de todo o país entre 20 e 23 de junho deste ano. Quanto mais baixo é o INEC, pior é a expectativa do consumidor. Em junho de 2008, ao somar 109,8 pontos, atingiu nível semelhante ao de meados de 2006. O INEC é composto por avaliações sobre a inflação, desemprego, renda, situação financeira, endividamento e expectativa de compras.
Os números da pesquisa mostram, porém, um cenário não muito comum. Apesar de os consumidores afirmarem estar mais endividados e com um receio maior quanto ao crescimento da inflação, e sobre a evolução de sua renda, essas avaliações negativas ainda não "contaminaram" as expectativas de consumo – que são as maiores desde 2001.
"O principal destaque da pesquisa está no pessimismo com a inflação. O índice sobre expectativas da inflação recuou 10,9% na comparação com março de 2008 e acumula um recuo de 17,3% na comparação com o mesmo trimestre de 2007", informa a CNI. Quanto mais baixo, pior é a expectativa do consumidor sobre o tema.
Em 105,5 pontos, valor atingido em junho deste ano, a avaliação do consumidor sobre a inflação é a pior desde março de 2002 ( pontos), ou seja, a mais pessimista em seis anos. Para 48% dos entrevistados pelo Ibope, a inflação vai aumentar. Para 20%, vai subir muito, para 12% vai diminuir e para 19% não vai mudar.
Para a CNI, essa avaliação decorre do aumento da inflação registrada neste ano, não mais restrita somente aos segmentos de alimentos, como no início de 2008. "Os consumidores também revelaram maior apreensão quanto ao desemprego e no
tocante à evolução de sua renda, esta última associada pela queda na renda
real com o aumento da inflação", informa em documento.
O índice de endividamento, resultado também da pesquisa da CNI/Ibope, mostra que os consumidores aumentaram seu endividamento. O índice recuou 2,3% na comparação com março de 2008 e 1,7% na comparação com junho de 2007. Quanto menor o índice, maior o grau de endividamento.
Em 102,4 pontos em junho deste ano, o índice é o pior desde março de 2007. Do total de entrevistados, 21% disseram estar mais endividados, enquanto 5% responderam estar muito mais endividados. Para 37%, a situação é a mesma dos três meses anteriores, e 21% afirmam estar com menos dívidas.
Sobre a situação financeira dos consumidores, a pesquisa mostra uma pequena piora, com queda de 0,8% frente a março deste, mas aumento de 3,7% frente a junho do ano passado. Em 110 pontos, o índice está próximo do observado em setembro de 2007. A expectativa para a renda caiu um pouco frente a março e se situou próxima do patamar de dezembro do ano passado – devido ao crescimento da inflação.
Mesmo com o cenário econômico mais adverso e perspectivas piores, os dados da CNI mostram que os entrevistados aumentaram as suas perspectivas de compras. Segundo a entidade, o índice de compras de bens de maior valor – como móveis e eletrodomésticos – subiu 6% em junho deste ano, na comparação com março e 7,1% na comparação com junho de 2007. Em 111,1 pontos, o índice é, inclusive, o maior de toda a série histórica disponibilizada, com início em março de 2001.
"O crescimento no índice se deve à redução no percentual de consumidores que esperam redução em seu consumo: recuou de 34% em março para 20% em junho. Metade dos consumidores entrevistados espera manutenção em seu nível de compras", avalia a CNI. Outros 27% disseram que vão aumentara as compras, e 3% aumentar "muito". Somente 16% pretendem comprar menos, e outros 4% "diminuir muito".