Ex-congressista foge das Farc após 8 anos na selva


O ex-congressista colombiano Oscar Tulio Lizcano, sequestrado há oito anos pela guerrilha das Farc, fugiu com a ajuda de um líder rebelde e foi encontrado pelo Exército após passar três dias na selva.

O ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos, revelou que o comandante das Farc conhecido como "Isaza" decidiu fugir com Lizcano há três dias. Ambos foram encontrados neste domingo () pelo Exército, que planejava o resgate há cinco meses e mantinha um cerco na área do cativeiro, no departamento de Chocó (oeste).

"Fugiram em busca da força pública, andaram na selva por três dias e noites e foram encontrados esta manhã pelo pessoal da Brigada 14 do Exército", informou o ministro da Defesa.

Lizcano, 63 anos, que chegou hoje à base aérea de Cali, 470 km a sudoeste de Bogotá, revelou à imprensa que tem dificuldade até para se expressar, "já que não podia me comunicar com qualquer um dos guerrilheiros".

Com uma longa barba e muito magro, Lizcano caminhou brevemente ao lado do ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, antes de se sentar em uma cadeira de rodas e conversar por telefone celular com a esposa Marta Arango.

O ex-congressista foi levado de helicóptero do povoado de San José del Palmar, no oeste da Colômbia, para Cali, onde será submetido a exames médicos. Lizcano agradeceu o comandante das Farc que o ajudou a escapar, "uma pessoa que teve a valentia de fugir comigo, que estou velho e muito doente", disse com voz embargada.

O presidente colombiano, Alvaro Uribe, revelou que a França já aceitou um pedido para que o líder guerrilheiro possa viver na França: "Falei com o governo francês e disseram que aceitam \’Isaza\’". O ex-congressista era um dos integrantes do grupo de 29 reféns que as Farc propunham trocar por rebeldes presos.

Marta Arango, mulher de Lizcano, agradeceu "a Deus, ao país e ao mundo pelo fim deste pesadelo. Oxalá Oscar receba atenção médica o mais rápido possível e volte a viver, porque foram oito anos de muito sofrimento". "Mas digo ao mundo que é preciso um esforço a mais porque ainda restam muitas pessoas na selva" como reféns das Farc.

A ex-refém Ingrid Betancourt, que ficou durante seis anos em poder da guerrilha, se declarou emocionada com a libertação de Lizcano e pediu aos rebeldes que mudem de atitude e libertem todos, abrindo caminho ao processo de paz.