Os serviços de espionagem dos Estados Unidos e do Canadá colaboraram para vigiar as comunicações do Ministério das Minas e Energia do Brasil. Documentos revelados pelo ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, Edward Snowden, ao jornalista do britânico The Guardian, Glenn Greenwald, mostram que os e-mails e as ligações telefônicas do ministério, inclusive com empresas dentro e fora do Brasil, foram espionados através do programa informático Olympia.
Presidenta Dilma discursou na ONU em 24 de setembro, quando repudiou a espionagem e propôs a regulação da internet para a proteção dos direitos civis de privaciade.
As principais informações sobre reservas minerais brasileiras são públicas, mas as informações estratégicas na perspectiva de contratos de exploração de petróleo, como a informação sobre os leilões para blocos de exploração e produção, são confidenciais.
Segundo a reportagem, não há indicação de que o conteúdo das comunicações tenha sido espionado. As escutas serviram para manter registros de quem falou com quem, onde e como. O ministro da pasta, Edison Lobão, disse tratar-se de “um fato grave que merece repúdio.”
Snowden expôs a extensão da espionagem dos Estados Unidos em outros países, e está exilado na Rússia. Documentos por ele revelados já tinham mostrado como a NSA, dos Estados Unidos, espionou as comunicações da presidenta Dilma Rousseff e entrou nos servidores do sistema informático da Petrobras.
Na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, Dilma Rousseff condenou a espionagem e denunciou uma “violação” do direito internacional e da soberania do país, que “afrontam” os princípios que regem as relações entre os Estados.
Neste domingo (6), a presidenta, que cancelou uma visita oficial a Washington em setembro, voltou a comentar na sua conta do Twitter a espionagem feita pelos Estados Unidos ao Brasil.
Afirmou ter recebido um livro do jornalista James Bamford sobre a NSA, publicado em 2008 (“The Shadow Factory: The Ultra-Secret NSA from 9/11 to the Eavesdropping on America”, sem tradução para o português), que mostra, segundo Dilma, que “a espionagem a cidadãos brasileiros (incluindo eu), companhias e ministérios ocorre há mais tempo” do que se pensava.
Dilma anunciou ainda a votação no Congresso, nas próximas semanas, da proposta de lei para proteger as comunicações no Brasil e “a privacidade dos brasileiros”, além do encaminhamento da questão no foro internacional, com o envio de uma proposta de regulação global da internet à ONU.