A líder do Kadima, o partido centrista no poder em Israel, Tzipi Livni, pediu publicamente neste domingo a convocação de eleições antecipadas para o início de 2009, após abandonar sua tentativa de formar uma coalizão de governo.
"O povo elegerá seus dirigentes", declarou Livni em um encontro com o presidente israelense, Shimon Peres, em sua residência de Jerusalém, com o qual marcou o início de uma campanha para eleições no final de janeiro de 2009, ou em fevereiro.
"Cheguei à conclusão que não adiantaria nada prolongar as negociações. O povo está farto de politicagem", acrescentou Livni, nessa reunião transmitida ao vivo pela emissora de TV pública.
Peres afirmou, por sua vez, que convocará "nos próximos três dias" os chefes dos diferentes partidos para lhes comunicar que Livni desistiu da idéia de formar um governo, depois do fracasso das negociações.
Depois do encontro, Livni, que também é ministra das Relações Exteriores, disse aos jornalistas ter "anunciado ao presidente que era preciso realizar eleições o quanto antes".
"Constatei nesses últimos dias que as negociações implicavam exigências exorbitantes, tanto em nível econômico quanto político (por parte dos partidos). Há um preço que não estou disposta a pagar", frisou.
Aos críticos, que creditam seu fracasso na formação de um governo à sua falta de experiência política, Livni disse se orientar por princípios políticos "dignos".
A ministra se reuniu com Peres para lhe comunicar sua decisão após estender, por mais algumas horas, sua tentativa de formar um governo, a pedido da presidência do Knesset (Parlamento), de acordo com a imprensa local. Assim, chegou a fim um mês de conversas, sem sucesso, com vários partidos.
Na verdade, as negociações já estavam mortas há alguns dias, quando os ultra-ortodoxos do Shass (com 12 de 120 deputados do Knesset) e a Lista Unificada do Torá () se negaram a participar de uma coalizão, se suas exigências não fossem cumpridas.
Esses dois grupos, cujo apoio é indispensável para obter maioria parlamentar, exigiam que Livni se comprometesse por escrito a não negociar com os palestinos sobre a delicada questão de Jerusalém Leste, anexada por Israel. Também pediam um forte aumento dos subsídios familiares.
Segundo as pesquisas dos últimos meses, o dirigente da oposição de direita, o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, estaria em melhor situação para assumir o cargo do premier em final de mandato, Ehud Olmert, do Kadima. Desde que Livni assumiu as rédeas do Kadima, em setembro, a vantagem de Netanyahu parece, contudo, ter-se reduzido.