Educação


O Ministério da Educação propõe hoje aos reitores das universidades federais que o vestibular seja substituído por um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O estudante faria, em qualquer Estado, teste com validade nacional e escolheria curso e instituição segundo a nota obtida. Atualmente, cada universidade realiza seu processo seletivo com provas e datas diferentes.

No novo formato, o Enem abordaria mais disciplinas e teria mais questões – hoje são 63 de múltipla escolha e redação. O exame incluiria questões dissertativas e objetivas, além de poder cobrar uma parte específica, direcionada a áreas como ciências, para candidatos a Medicina. Alguns cursos poderiam fazer uma segunda fase. A proposta é semelhante à forma de seleção do Programa Universidade para Todos (ProUni). Nele, o aluno escolhe curso e instituição com base na nota do atual Enem, com mínimo de 45 pontos.

As linhas gerais que o MEC propõe também são semelhantes ao que ocorre nos Estados Unidos. Lá, cada universidade determina a quantidade de pontos no teste, chamado Scholastic Assessment Test (SAT), para que o candidato possa ter chances de ingressar na instituição. O exame é nacional e cobra inglês, matemática e redação. Com a pontuação mínima, o candidato passa por entrevista e envio de currículo.

Avaliação da UNE

A criação de um nova forma de ingresso e a extinção do atual modelo de vestibular nas universidades federais é uma reivindicação antiga do movimento estudantil. A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Lúcia Stumpf, considera positiva a proposta de um vestibular unificado apresentada ontem () pelo MEC (Ministério da Educação) e acredita que o novo modelo facilitaria a vida dos vestibulandos.

"Há muito tempo nós defendemos o fim do vestibular e a busca de um novo sistema de ingresso nas instituições federais. O vestibular é um sistema que perpetua a desigualdade. Pela sua característica conteudista, ele acaba valorizando quem teve condições de pagar um cursinho pré-vestibular", disse.

O estudante Felipe Carvalho, que cursa o 3° ano em uma escola particular de Brasília, acredita que a proposta tem pontos positivos e negativos. O ganho para o estudante, segundo ele, seria concentrar o estudo em um conteúdo único.

"A quantidade de conteúdos cobrados de um Estado para outro é totalmente diferente. Antes de se pensar um vestibular unificado seria preciso unificar o ensino para todos aprenderem a mesma coisa", afirmou.

Já Rafaela Albo, aluna do mesmo colégio, acha que o vestibular unificado facilitaria a vida daqueles estudantes que tentam vagas em várias universidades federais. "Você não precisaria sair de Brasília para fazer vestibulares em outros Estados", avalia.

Alguns estudantes temem que uma prova unificada possa reduzir as oportunidades de aprovação. "Ia ser difícil porque a gente ia ter menos chances de passar. Se você for mal naquela prova, não poderia tentar em outra faculdade, [porque uma nova chance] só no ano seguinte mesmo", disse a estudante Raíssa Gomes, aluna do 3° ano de uma escola pública do Distrito Federal.

A presidente da UNE defende que os estudantes e a comunidade acadêmica sejam ouvidos durante o processo de criação desse novo modelo.

A nova proposta será entregue oficialmente na próxima segunda-feira () à Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) para que seja discutida nas universidades. O ministro da Educação, Fernando Haddad, espera que o novo vestibular possa ser aplicado ainda este ano.