Numa pesquisa recente feita com jovens de Fortaleza, 50% dos entrevistados acreditam que a escola não se interessa pelos problemas dos jovens relativos às questões de violência de gênero e orientação sexual. Os dados obtidos pela pesquisa Retratos da Fortaleza Jovem, realizada numa parceria entre a Prefeitura de Fortaleza e o Instituto de Juventude Contemporânea (IJC), serviram de base para discutir os resultados de ações de inclusão dessas questões nas escolas através do seminário "Juventude e Educação: Gênero e Diversidade Sexual nas Escolas", que acontece no próximo sábado (dia 25) no Seminário da Prainha (Avenida Dom Manuel, nº 03 – Centro).

O seminário representa o momento final de uma série de ações realizadas, este ano, pelo projeto Diálogos Abertos, do IJC, em dez escolas públicas da capital cearense. O objetivo é capacitar educadores e jovens de 15 a 26 anos para inserir discussões sobre temáticas relacionadas à gênero e orientação sexual no cotidiano das aulas, promovendo um diálogo aberto e humano. De acordo com Camila Silveira, coordenadora do projeto Diálogos Abertos e organizadora do seminário, é preciso incutir a necessidade de fazer da escola um espaço aberto para essas novas realidades.

"Os jovens reconhecem na escola o primeiro espaço tanto de formação quanto de construção de uma vivência social e coletiva. O problema é que a escola, por diversos fatores econômicos e culturais, ainda está muito estruturada na questão de transmitir o conteúdo das disciplinas. Os professores muitas vezes não sabem como abordar esses assuntos em sala de aula", explica.

Para a coordenadora, depois de questões relacionadas ao trabalho precoce, o reconhecimento da homoafetividade cada vez mais cedo e a ocorrência de gravidez entre adolescentes têm sido responsáveis por parte da evasão escolar. "Não temos dados específicos sobre a questão, mas já se reconhece que o machismo e a homofobia acabam afastando esses jovens do ambiente escolar exatamente pela falta da inserção dessas temáticas no cotidiano dos estudantes"

Durante todo o dia, o seminário vai promover uma mesa de discussão com representantes do poder público e da sociedade civil. O encontro pretende apresentar uma visão dos trabalhos desenvolvidos pelo Estado e movimentos sociais sobre as políticas de educação para Gênero e Diversidade Sexual dentro do âmbito escolar. Serão ofertadas 300 vagas, sendo 200 para estudantes e educadores e 100 para representantes da sociedade civil. As inscrições podem ser feitas no site do IJC (www.ijc.org.br).