Os primeiros dias do bebê são um desafio para os pais de primeira viagem. O despreparo pode fazer com que alguns pequenos sinais sejam interpretados de forma supervalorizada e o excesso de preocupação dos pais pode, inclusive, extressar também o bebê. A professora Maria Aparecida Mezzacappa, pediatra que atua na Divisão de Neonatologia do Hospital da Mulher, deu algumas dicas para os novos papais em entrevista ao Portal Unicamp. >
Portal Unicamp – Quais os principais cuidados que os pais devem ter com o recém-nascido?
Aparecida – Nessa fase inicial da vida, os principais cuidados são com a amamentação, higiene e frequentes visitas ao médico para avaliar o ganho de peso do bebê. Ainda, os pais devem estar atentos para a posição da criança dormir no berço (decúbito dorsal ou de costas) para evitar a Síndrome da Morte Súbita, assim como o uso de assentos (cadeirinhas) para transporte em carros de passeio. Muito importante é o acompanhamento médico na primeira semana de vida para os recém-nascidos que tiveram icterícia.
Portal Unicamp – É muito comum nesse período a preocupação excessiva com o recém-nascido. O bebê sente a insegurança dos pais? Qual o seu conselho para que uma situação inesperada com o bebê, como por exemplo uma dor de barriga, não seja superdimensionada?
Aparecida – Sim, a criança pode sentir essa insegurança natural que ocorre especialmente quando se tem o primeiro filho. Não é incomum a supervalorização de aparentes problemas nesse período da vida, como longos períodos de sono, características e frequência da evacuação ou mesmo preocupação com lesões de pele. A família deve buscar orientação da equipe médica para avaliar a necessidade de algum tratamento.
Portal Unicamp – É possível tratar a icterícia em casa?
Aparecida – Grande parte dos recém-nascidos (80%) tem algum grau de icterícia iniciada nos primeiros três dias de vida e que regride espontaneamente entre sete e dez dias. Cerca de 10% deles têm níveis mais preocupantes, necessitando de acompanhamento ambulatorial após a alta da maternidade e, um número bem menor (cerca de 2%), necessita de tratamento para evitar complicações. Esse tratamento é sempre realizado no hospital. A antiga recomendação de expor a criança aos famosos ‘banhos de sol’ carece de evidência científica, e não é mais utilizada.
Portal Unicamp – O que recomenda para uma mãe que tem dificuldade de amamentar nos primeiros dias?
Aparecida – As dificuldades podem ser de múltiplas causas: desde problemas locais das mamas (como mamilos aplanados, invertidos) até dificuldades de sucção pelo neonato, dadas por grau leve de imaturidade, quando nascem com 35-37 semanas de idade gestacional, ou seja, de três a cinco semanas antes do nascimento a termo, que é o esperado. A principal orientação diz respeito a manter a confiança e procurar atendimento profissional especializado que faça consultoria, dando suporte e apoio à amamentação. Esses profissionais podem ser médicos ou comumente enfermeiras com especialização nessa área. Nunca é aconselhável introduzir qualquer outro tipo de alimento antes de uma avaliação mais detalhada pela equipe de saúde.
Portal Unicamp – Por que em geral a criança chora nessa fase?
Aparecida – Neonato chora por poucos motivos. Nessa fase da vida, a principal causa tem a ver com a amamentação, por problemas na pega da mama, por produção ainda insuficiente de leite ou em razão da mãe ter uma baixa predisposição para amamentar. Quando bem-alimentadas, as crianças mamam entre 20 e 30 minutos e dormem tranquilamente.
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