Cuba enviou ontem um recado ao presidente americano, Barack Obama, e pediu “humildade” ao chefe de Estado no tratamento da política internacional. Para Havana, se os Estados Unidos estão de fato dispostos a voltar a debater questões sobre direitos humanos nas negociações da Organização das Nações Unidas (ONU), terão de sentar-se à mesa com uma nova posição. Um dia após uma ampla reformulação no governo cubano, a ministra de Justiça María Esther Reus González apresentou a mudança de tom de Havana durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ela representou Cuba na reunião – pois Felipe Pérez Roque foi afastado na segunda-feira do cargo de chanceler – e fugiu da imprensa internacional. “Ela tem instruções para não falar sobre questões domésticas aqui”, disse um assessor.
Durante os intervalos das reuniões, delegações de todo o mundo procuravam os diplomatas cubanos para tentar entender a mudança no governo. A orientação da diplomacia de Havana era dizer que “tudo seguia como de costume”. Em seu discurso, María Esther alertou à ONU que “cabe a cada povo escolher seu sistema político e suas instituições”.
Ela fez questão de atacar o governo do ex-presidente George W. Bush, destacando que “ninguém sentiu falta” da Casa Branca nos organismos de direitos humanos nos últimos anos. Washington esteve afastado dos debates na ONU relacionados à questão. Segundo a ministra, Bush tentou converter os órgãos da ONU em “ferramenta de apoio para seu fracassado plano de dominação global e para legitimar suas guerras e conquistas”.
Sobre Obama, o tom foi diferente. “A comunidade internacional espera que a ONU possa responder de forma coletiva e efetiva às grandes expectativas que foram criadas com a chegada de um novo governo nos EUA”, afirmou. Mas com a ressalva: “o retorno à mesa de negociações deverá ser feito com humildade e serenidade.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.