A crise financeira mundial será o assunto principal tratado pelos governantes na 18ª Cúpula Ibero-Americana, que começará amanhã, em San Salvador, com o tema "Juventude e Desenvolvimento".

Um texto sobre a crise econômica será debatido e os governos devem buscar um controle maior das movimentações financeiras e uma reforma dos organismos multilaterais de crédito.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, protagonista da última Cúpula de Santiago do Chile, por seu desentendimento com o rei espanhol, Juan Carlos, suspendeu sua viagem a El salvador alegando problemas de segurança.

"Há na América Central um grupo de militares terroristas venezuelanos que são protegidos por alguns governos, pela Agência Central de Inteligência e pela Secretaria Federal de Investigações dos Estados Unidos", afirmou Chávez no sábado, de Maracaibo, ressaltando que há a possibilidade de um atentado contra sua vida.

Chávez citou o venezuelano Henry López Sisco, que por ordens do terrorista confesso Luis Posada Carriles, se encontra na região.
O presidente salvadorenho, Antonio Saca, pediu a Chávez que especifique melhor os supostos "riscos", e anunciou a adoção de um "dispositivo de segurança nunca antes vistos no país".

A Cúpula, que irá até sexta-feira, não terá também as presenças dos presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e de Cuba, Raúl Castro, segundo afirmou Saca.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, também não estará presente no encontro, pois no dia 30 viajará para Hyavana, para uma visita de dois dias a Cuba. A delegação que representará Cuba será pequena em El Salvador, pois os dois países não têm relações diplomáticas desde 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder.

Na Cúpula Ibero-Americana do Panamá, em 2000, houve uma forte divergência entre o então presidente salvadorenho, Francisco Flores, e Fidel Castro. Flores acusou o presidente cubano de ter praticado terrorismo de estado, enquanto o governante cubano respondia denunciando o salvadorenho de proteger o terrorista Carriles.
O subsecretário das Relações Exteriores da Itália, Vincenzo Scotti, representará o país, que pela primeira vez participará como integrante da Cúpula e não como convidado, como acontecia anteriormente.

Enquanto isso, México e El Salvador trabalham em uma declaração sobre a crise financeira mundial, que poderá defender uma maior regulação dos sistemas financeiros, a reformulação de organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a aposta em políticas sociais que não coloquem a estabilidade macroeconômica em risco.

Quanto ao tema de "Juventude e Desenvolvimento", os participantes debaterão a ratificação da Convenção Ibero-Americana sobre Direitos dos Jovens, o acesso à educação e o problema das drogas e da Aids.
Os governos ibero-americanos consideram necessário trabalhar pelos cerca de 150 milhões de jovens da região "para erradicar a pobreza e avançar decididamente pelo caminho do desenvolvimento".

Os presidentes terão sobre a mesa o documento "Metas educativas 2021" da Organização de Estados Ibero-Americanos, que inclui o compromisso de investir dois bilhões de euros até 2021 em toda a região para erradicar o analfabetismo.

Nos 21 países da Ibero-América há 34 milhões de analfabetos e 40% da população não pôde completar a educação primária.

Para a Cúpula, San Salvador receberá cerca de seis mil pessoas, entre elas mil jornalistas. A Interpol apoiará os 1500 agentes da Polícia Nacional Civil de El Savador na operação de segurança da Cúpula.