No Dia do Maracatu, agremiações desfilaram pelas ruas vazias do Centro. Houve também coroação das rainhas do maracatu em frente à Igreja do Rosário

As loas e o batuque dos maracatus ecoaram nas ruas vazias e silenciosas do Centro, no fim da tarde do feriado de ontem. Aos passos lentos e ao colorido do desfile, se juntaram dezenas de apaixonados pelo maracatu e curiosos. Era a celebração do Dia do Maracatu, comemorado em Fortaleza todo dia 25 de março. Um cortejo com as agremiações saiu da Cidade da Criança e percorreu as ruas Pedro I e Floriano Peixoto até chegar à Praça General Tibúrcio (conhecida como Praça dos Leões).
Como não costuma passar o Carnaval em Fortaleza, o eletricista aposentado Francisco Sales, 59, não prestigia o maracatu na avenida Domingos Olímpio. Aproveitou a oportunidade para ver a tradição nas ruas. Os olhos brilhavam ao observar as cores passando em passos lentos. O sorriso se abria ao ouvir o canto alto. “É uma cultura muito bonita. O pessoal brinca alegre”. Dona Maria do Socorro Cavalcante, 75, acompanhou o desfile até o fim, empolgada. Sem sair de perto de uma das rainhas.
“É uma das coisas que mais gosto”. Ao chegar à Praça dos Leões, os maracatus foram recebidos pelo padre Luiz Alberto Peixoto, que celebrava na Igreja do Rosário. Nossa Senhora do Rosário, segundo a tradição católica, é a protetora dos escravos negros. Após a bênção do sacerdote, foi realizada a cerimônia de coroação das rainhas do maracatu. “Com a chegada da nossa rainha, a preta velha é que vai coroar”, cantava junto dona Francisca Rebouças, 74, batendo palmas e sorrindo.
Ela e a filha, Gardênia Rebouças, 48, sempre acompanham o maracatu. “Faz parte da nossa cultura. Temos que preservar”. Depois da coroação, quatro grupo de afoxés se apresentaram e deram um banho de cheiro, em homenagem aos maracatus.
Todo dia 25
A partir de abril, todo dia 25, haverá apresentação de um maracatu em um espaço da Cidade. A confirmação foi feita pelo titular da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), durante o evento de ontem. Segundo Magela Lima, ainda não há programação fechada. “Queremos deixar o maracatu vivo e atuante ao longo do ano”. Para o presidente da Associação Cultural das Entidades Carnavalescas do Ceará (Acecce), Arnaud Silvério, a iniciativa vai contribuir com a divulgação da cultura do maracatu e com o sustento das agremiações.
ENTENDA A NOTÍCIA
O Dia do Maracatu, em Fortaleza, foi criado oficialmente pela Lei Municipal nº 5.827 de 1984. O dia 25 de março celebra também a libertação dos escravos no Ceará. O Estado foi o primeiro a abolir a escravidão.
Fonte: Jornal O Povo