Conselho de Direitos Humanos da ONU aprova investigação sobre ofensiva em Gaza


O Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta segunda-feira uma resolução que condena Israel pela ofensiva militar na faixa de Gaza, pede o fim imediato das hostilidades e aprova o envio de uma missão de investigação independente para avaliar se as Forças de Defesa israelenses estão cometendo crimes de guerra.

O texto obteve 33 votos a favor –na maioria dos países árabes e islâmicos, assim como dos não-alinhados–, um voto contra, do Canadá, e 13 abstenções dos países europeus. Os Estados Unidos, que se abstiveram da votação do Conselho de Segurança da ONU que pede um cessar-fogo imediato– não fazem parte do Conselho.
 
Os 47 membros do Conselho se reuniram para concluir a sessão especial sobre a situação em Gaza e as violações dos direitos humanos dos civis, uma reunião que começou na sexta-feira () e que não havia chegado a um acordo.

O texto adotado "condena duramente" a operação israelense "que causou violações maciças dos direitos humanos do povo palestino e a destruição sistemática das infraestruturas". Em 17 dias consecutivos de bombardeios israelenses a centenas de alvos do movimento islâmico radical Hamas na faixa de Gaza, ao menos 890 palestinos foram mortos.
 
Entre outros pontos, o texto pede ao secretário-geral da ONU que investigue os bombardeios lançados contra escolas gerenciadas pela agência da ONU para refugiados palestinos –que deixaram dezenas de mortos e agravaram a relação entre a organização e Israel.
 
A ONU denunciou também, nos últimos dias, os ataques israelenses a escolas e uma casa que abrigavam civis palestinos e a um caminhão que levava ajuda humanitária à região e que estava, segundo a agência, devidamente identificado. Segundo a ONU, 42% das vítimas dos 17 dias da ofensiva militar israelense são crianças e mulheres.
 
Segundo a alta-comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, ex-juíza do Tribunal Penal Internacional, as violações do direito humanitário internacional por Israel podem constituir crimes de guerra, "para os quais a responsabilidade penal individual pode ser invocada".

O Conselho pede ainda que todos os relatores especiais da ONU, especialmente aqueles mais relacionados com a situação nos territórios palestinos, que busquem "urgentemente informação sobre os direitos humanos do povo palestino e façam seus relatórios".
 
"O Conselho decide enviar uma missão urgente internacional e independente, que será nomeada pelo presidente, para investigar todas as violações das leis sobre direitos humanos e sobre o direito humanitário por parte do ocupante Israel". 

Trégua

O texto pede também o cessar-fogo imediato dos confrontos na região, assim como a retirada das forças israelenses de Gaza. O Conselho pede ainda que Israel, como força ocupante, "deixe de apontar contra civis e instalações médicas", encerre o bloqueio imposto à região e abra as passagens fronteiriças da faixa de Gaza.
 
A ONU alerta ainda para o agravamento da crise humanitária na região, que deixou 80% dos 1,5 milhão de palestinos que vivem na região completamente dependentes de ajuda da ONU.
 
As agências da ONU relatam ainda que o sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso e faltam medicamentes, equipes, material e sangue para tratar os feridos.
 
Israel

O embaixador de Israel no Conselho, Aharon Leshno-Yaar, defendeu a operação militar e acusou o Hamas de utilizar a população como escudo humano. Já o embaixador palestino na ONU, Ibrahim Khraishi, qualificou de genocídio a ação israelense e afirmou que 80% das vítimas são civis.