Parlamentares integrantes da Comissão de Infra-Estrutura do Parlamento do Mercosul realizaram nesta terça-feira () uma visita técnica à hidrelétrica de Itaipu, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A visita fez parte de uma programação que começou ainda na segunda-feira, em Brasília, quando a comissão se reuniu para discutir assuntos ligados à integração energética entre os países do Mercosul e assistiu a uma apresentação do diretor da Itaipu, Jorge Sameck, sobre o modo de funcionamento dos contratos no fornecimento de energia.
Formada pelo deputado uruguaio Juan Dominguez, presidente da Comissão, pelo Senador Inácio Arruda, vice-presidente, e pela deputada também uruguaia Silvana Charlone, a comitiva foi recepcionada pelo Diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, que apresentou um filme institucional sobre os vários programas desenvolvidos pela hidrelétrica, interligando geração de energia, desenvolvimento sustentável, e investimento em conhecimento e tecnologia, em especial o “Cultivando Água Boa”, focado em ações voltadas para a formação da consciência ecológica nas comunidades vizinhas. Em cada uma das microbacias que formam a Bacia do Paraná, há um comitê gestor atuando em parceria com a área de educação ambiental e compromissado com a preservação, compromisso esse batizado como “Pacto das Águas”.
Em seguida, cada parlamentar plantou uma muda de ipê-roxo no Bosque dos Visitantes, um gesto simbólico da preocupação com o meio ambiente. A Itaipu desenvolve o maior programa de reflorestamento do mundo já feito por uma hidrelétrica e já promoveu o plantio de mais de 44 milhões de mudas nas margens brasileira e paraguaia.
Geração de Energia
A visita técnica à usina, onde é possível captar a dimensão da maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia, compreendeu a barragem de Itaipu, dividida entre os lados brasileiro e paraguaio, com mais de sete quilômetros de extensão e 196 metros de altura, além de uma descida até o leito original do Rio Paraná – a 60 metros abaixo do nível do solo – que foi represado para dar origem ao lago de Itaipu. No centro de produção de energia, que reúne os técnicos responsáveis pelo funcionamento da hidrelétrica, os integrantes da comitiva observaram as unidades geradoras de energia – apenas uma delas é capaz de abastecer uma cidade com 1,5 milhão de habitantes e as turbinas, cuja vazão é de 700 m3 de água por segundo. Comparativamente, o volume de água que passa pelas turbinas é maior do que o despejado pelas Cataratas do Iguaçu.
Os parlamentares ainda conheceram de perto o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), uma estrutura de ensino e pesquisa em educação, ciência e tecnologia instalado nos barracões que serviram de alojamento para os operários que trabalharam na construção da barragem. Administrado pela Fundação Parque Tecnológico Itaipu, o PTI atua em várias frentes na área educacional: graduação, pós-graduação, capacitação tecnológica e alfabetização. Além das entidades de pesquisa e apoio à pesquisa, o PTI mantém um espaço de desenvolvimento empresarial e um campus universitário. Dentre os vários projetos ali desenvolvidos, os parlamentares puderam conhecer um protótipo do veículo elétrico. Movido à energia, ele não polui a atmosfera e estuda-se sua adoção como veículo modelo das frotas de empresas de energia.
Durante a visita, o Senador Inácio Arruda reforçou que a integração sul-americana passa necessariamente pela questão energética e de que os programas desenvolvidos em Itaipu, principalmente nas áreas do conhecimento tecnológico e do meio-ambiente equilibrado, são exemplos que podem ser estendidos aos demais países do Mercosul.
Histórico
Em tupi-guarani “pedra que canta”, Itaipu é, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia. Empresa binacional (pertence ao Brasil e ao Paraguai), com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 20% da energia consumida no Brasil e abastece 94% do consumo paraguaio. Em 2000, a usina atingiu a produção histórica de 93.428 GWh, recorde mundial de geração de energia hidrelétrica. A energia gerada pela hidrelétrica é destinada ao mercado brasileiro é transmitida por Furnas Centrais Elétricas até o Estado de São Paulo, de onde pode ser distribuída para as cinco regiões brasileiras, inclusive Norte e Nordeste.
A construção da usina resultou de intensas negociações entre o Brasil e o Paraguai, iniciadas ainda na década de 60. Em 26 de abril de 1973 foi assinado o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento do potencial hidráulico do Rio Paraná. Em maio de 1974 foi criada a empresa Itaipu Binacional, para construir e gerenciar a usina. As primeiras máquinas chegam ao canteiro de obras ainda em 1974 e a primeira geração de energia, em maio de 1984.