A música deu o tom do encerramento do 1º Colóquio África e Diáspora – O lugar da mulher negra na geopolítica, no domingo ().
Saindo da reitoria da UFBA, no Canela, em direção à praça 2 de Julho, no Campo Grande, os tambores da banda Didá, o canto da voz grave de Márcia Short e o legítimo samba de lata de Tijuaçu ritmaram a despedida em clima de festa, na alegria de ser negra e de poder lutar por seus direitos.
Imagens do Colóquio contra racismo “O encontro foi maravilho, marcado pela emoção e pelo debate político. A Unegro se superou, mostrou uma capacidade de articulação internacional e fez um evento de grande consistência e qualidade”, comemorou a vereadora do PCdoB, Olívia Santana, que também preside a Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal.
“O momento é histórico e temos que fazer de tudo para que este colóquio represente uma maior união entre os negros”, ressaltou Edeltrudes Pires, de Cabo Verde. O coro foi endossado pelo próprio coordenador da Unegro (União dos Negros pela Igualdade), Edson França. “Demos o primeiro passo. Agora precisamos levar tudo o que foi debatido aqui adiante e para além das fronteiras nacionais”, defendeu.
Se depender da vontade de países como Nigéria, Moçambique e Senegal, o Colóquio migra também para o continente africano, segundo confessou Olívia Santana; “Isso é a prova do dinheiro público bem aplicado”, completou.
Encerrados os encaminhamentos finais, militantes negras do movimento LGBT pediram a palavra e solicitaram, à Unegro, que sempre se colocasse em pauta a questão da orientação sexual, e uma educação voltada para enfrentar o racismo e a homofobia com dignidade. A platéia aplaudiu e, após puxar o coro de “parabéns para Unegro”, em menção aos 20 anos da instituição, seguiu em caminhada rumo ao Campo Grande.
Mulheres negras de diversos estados do Brasil, do Ceará ao Rio Grande do Sul, lado a lado, na mesma luta que as negras da Nigéria, Senegal, Moçambique, Cabo Verde, Guiné e afro-americanas dos EUA.
“Ser militante da luta contra o racismo e a opressão de gênero, e da luta por justiça social, é uma opção cotidiana”, declarou Olívia, visivelmente emocionada. Empunhado faixas com palavras de ordem, “mulheres contra a pobreza e o racismo na construção de espaços políticos” tomaram as ruas do centro da cidade sob o forte sol que reinava na capital baiana.
Em frente ao Teatro Castro Alves, um mini-trio chamou a atenção da multidão de cerca de duas mil pessoas, em fila na porta do TCA. Líderes dos diversos países proferiram palavras de exaltação ao povo negro, conclamando a união na luta contra a opressão de gênero.
“Temos aqui reunidas, num espaço público de debates, mulheres negras de perfis variados e diferentes condições sociais, de mãos dadas na luta diária pela afirmação de políticas públicas direcionadas especificamente para cada segmento; que valorizem a mulher e a raça negra”, ratificou Olívia Santana.