China lança fundo para ajudar exportadores


Empresas exportadoras da cidade de Dongguan terão acesso a um fundo de um bilhão de yuans (US$147 milhões) para contornar os efeitos da crise mundial, informou nesta quarta-feira o jornal estatal China Daily.

A cidade é um importante pólo industrial da província de Guangdong, que é conhecida como a "fábrica do mundo" por concentrar grande número de empresas manufatureiras que produzem para a Europa e os Estados Unidos.

A queda no consumo do ocidente, com a presente incerteza dos mercados, e o alto preço das matérias-primas são as razões para a queda nas exportações e o endividamento das indústrias chinesas.

O fundo vai beneficiar principalmente empresas de pequeno e médio porte.

A maioria dessas fábricas produz manufaturas baratas de pouco valor agregado e está sofrendo com a competição feroz com outros países emergentes como a Índia e o Vietnã, que têm mão-de-obra mais em conta do que a China e, por isso, têm se tornado a fonte preferencial de "outsourcing" do ocidente nos últimos anos.

Com a medida, o governo espera garantir o emprego de milhões de trabalhadores pouco qualificados, que não possuem instrução suficiente para se colocar na indústria de serviços das metrópoles.

Entre janeiro e julho passado, as exportações de manufaturas simples como roupas e tecidos caíram 11%.

Somente no primeiro semestre de 2008 o crescimento econômico do país desacelerou para 10,4% e deverá encerrar o ano em 9,6%, podendo cair para cerca de 8% em 2009, segundo estimativas de bancos internacionais como o UBS.

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu cerca de 12%.

Reposicionamento

Em agosto, o governo já havia liberado um bilhão de yuans para auxiliar as indústrias processadoras a se reposicionarem no mercado, buscando meios mais ecológicos de produção, desenvolvendo tecnologia própria e retreinando sua força de trabalho.

No entanto, apesar do esforço estatal para que as indústrias manufatureiras da China ganhassem novos atributos de competitividade – deixando de depender apenas no baixo custo para o sucesso de suas exportações – ainda não houve grandes mudanças no perfil da produção.

Igualmente, o aumento do consumo doméstico para contrabalançar o peso das exportações ainda não deslanchou a ponto de garantir que a saúde da economia chinesa independa dos consumidores americanos e europeus.

Fundo

O novo fundo está sendo montado a pedido dos próprios industriais.

Mais de 74% das 1500 companhias que participaram de uma pesquisa do governo disseram que precisavam de crédito para poder operar.

Esse estímulo poderá ser repassado para as indústrias de duas formas:
através da oferta de empréstimos diretos com baixas taxas de juros, ou pela oferta de compensação de risco para bancos que derem empréstimos a essas empresas.

A regulamentação a respeito do fundo ainda está pendente, mas deliberações preliminares listam três critérios para que uma empresa possa receber auxílio.

A fábrica precisa ter vendas anuais de menos de 300 milhões de yuans (mas se for manufatureira essa condição pode ser ignorada), precisa possuir histórico de crédito na praça e precisa estar registrada no departamento de Indústria e Comércio de Dongguan.

Mesmo se tratando de um bilhão de yuans para uma cidade apenas, alguns especialistas acreditam que o auxílio é pouco.

"É bom que o governo está tentando ajudar essas companhias, mas um bilhão de yuans é um volume muito limitado e não resolve a raiz do problema", lamentou ao China Daily Zhang Jiansen, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento da China.