O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Alejandro Hamed, revelou nesta quarta-feira que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, falará pessoalmente com os senadores paraguaios para tentar convencê-los a aprovar a adesão de seu país ao Mercosul.
"Ele [Chávez] disse que irá discutir pessoalmente com os nossos líderes [no Senado]", afirmou o chanceler, que não precisou, porém, se o presidente venezuelano viajaria a Assunção ou se falaria por telefone.
Hamed também manifestou apoio ao ingresso da Venezuela no Mercosul, alegando que o Paraguai seria beneficiado financeiramente. "Estamos perdendo dinheiro ao manter fora do Mercosul a Venezuela, um país com um mercado gigantesco para nossos produtos", sustentou.
No Paraguai, o protocolo que torna a Venezuela membro pleno do Mercosul segue parado na Comissão de Assuntos Exteriores do Senado desde 2007. Para que siga à votação no plenário, o dispositivo precisa antes obter o aval deste grupo.
Enquanto isso, as discussões entre as forças políticas do Legislativo se intensificam. Hoje, a bancada do Partido Colorado, que governou o país por 61 anos e foi substituído em 2008 pelo atual presidente, Fernando Lugo, declarou que votará contra a adesão da Venezuela.
A mesma postura já havia sido manifestada pelos partidos Pátria Querida (PPQ) e União Nacional dos Cidadãos Éticos (Unace), ligado ao ex-general Lino Oviedo.
Em entrevista à ANSA, o senador Juan Darío Monges, do Partido Colorado, reiterou que a bancada da qual faz parte não está contra a Venezuela, mas disse que a presença de Chávez "representa um fator contaminador para o Mercosul".
Questionado sobre a tentativa do presidente venezuelano de lograr o apoio do senado paraguaio em uma possível reunião, o parlamentar garantiu que a posição de seu partido não irá mudar.
Já Marcelo Duarte, do PPQ, disse à ANSA que a Comissão de Assuntos Exteriores do Senado deveria se dedicar a "questões de maior interesse", mas ratificou sua determinação de votar contra caso o protocolo siga para a votação.
O político definiu como "um caso inédito" um presidente tratar pessoalmente, junto ao Parlamento de outro país, assuntos de seu interesse. Para que entre em vigência, o protocolo que torna a Venezuela membro do Mercosul, assinado em 2006, precisa ser ratificado pelos legislativos de todos os sócios do bloco, além do venezuelano.
Argentina, Uruguai e Venezuela já deram sinal verde, mas o dispositivo segue parado nos senados de Brasil e Paraguai.
Em Assunção, a disputa promete ser dura. Dos 45 assentos que existem no Senado, 17 estão com a Aliança Patriótica pela Mudança, coalizão pela qual Lugo foi eleito. O restante das cadeiras se divide entre o Partido Colorado (), a Unace (nove) e o PPQ (quatro).