Prosseguem, em ritmo acelerado, no município de Cabrobó (PE), os trabalhos de construção do primeiro canal e da barragem de Tucutu para transposição das águas do Rio São Francisco. O projeto de integração do “Velho Chico” com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional prevê a construção de dois canais: o Eixo Norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, e o Eixo Leste, que beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de Pernambuco e da Paraíba.
O Eixo Norte, a partir da captação no Rio São Francisco próximo à cidade de Cabrobó (PE), percorrerá cerca de 400km, conduzindo água aos rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Ao cruzar o estado de Pernambuco este eixo disponibilizará água para atender às demandas de municípios inseridos em 3 sub-bacias do Rio São Francisco: Brígida, Terra Nova e Pajeú. Para atender à região do Brígida, no oeste de Pernambuco, foi concebido um ramal de 110km de comprimento que derivará parte da vazão do Eixo Norte para os açudes Entre Montes e Chapéu.
Projetado para uma capacidade máxima de 99 m³/s, o Eixo Norte operará com uma vazão contínua de 16,4 m³/s, destinados ao consumo humano. Em períodos recorrentes de escassez de água nas bacias receptoras e de abundância na bacia do São Francisco (Sobradinho vertendo), as vazões transferidas poderão atingir a capacidade máxima estabelecida. Os volumes excedentes transferidos serão armazenados em reservatórios estratégicos nas bacias receptoras: Atalho e Castanhão, no Ceará; Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte; Engenheiro Ávidos e São Gonçalo, na Paraíba; e Chapéu e Entre Montes, em Pernambuco.
O Cel. Pupim, comandante do 2º Batalhão de Engenharia, informou que, para erguer o canal, estão sendo feitos o rebaixamento do lençol, escavações em solo e em rocha e o revestimento de talude (uma espécie de rampa inclinada) do canal em pedra. Para a conclusão da barragem de Tucutu, o trabalho do Exército terá como foco a limpeza do reservatório, cujo tamanho corresponde a 489 campos de futebol, e as construções do maciço da barragem e da tomada d’água.
A conclusão da primeira etapa da transposição está prevista para outubro de 2008. O restante será executada por empresas privadas que estão participando das licitações.
O principal atraso da obra foi causado pela demora na liberação, pelo Ibama, da área a ser desmatada para a construção do canal de captação. Na época, o órgão estava em greve. Os militares também pararam de trabalhar em agosto durante 15 dias, quando movimentos sociais invadiram o canteiro e acamparam ali. Na época, o Diário do Nordeste acompanhou a retirada dos ocupantes do local.
“O atraso está sendo recuperado. Estamos trabalhando mais de 8 horas por dia”, garante o Cel. Pupim, acrescentando que a alvorada no acampamento é às 5h. Às 6h30 os homens já estão nas máquinas. São 8 horas de trabalho diariamente, de segunda a sábado. No domingo a folga é geral, mas todos os trabalhadores ficam de sobreaviso.
A situação hoje está sob controle. O Cel. Pupim assegura que, no momento, não está sendo observada nenhuma manifestação de protesto. Nas ruas das cidades ribeirinhas do São Francisco, a conversa é outra. Quando a reportagem esteve, no início do mês, nas cidades de Piranhas e Delmiro Gouveia, em Alagoas, e Paulo Afonso, no Estado da Bahia, observou os carros com adesivos que advertem: “Revitalização sim. Transposição não”.
Mais informações:
2º Batalhão de Engenharia do Exército
() 3221.4292
Prefeitura de Cabrobó (PE)
() 3875.1632