O governo brasileiro quer a ampliação do Quarteto para que o Brasil também possa mediar as negociações de paz entre Israel e o governo palestino. Ontem, durante a cúpula entre países árabes e sul-americanos em Doha, no Catar, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu mais engajamento de Israel e defendeu a criação de um Estado Palestino. O Quarteto é integrado por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Organização das Nações Unidas (ONU) e tem como objetivo mediar o conflito no Oriente Médio. Para Lula, uma nova conferência de paz precisa ser convocada, desta vez com a participação de países em desenvolvimento.
“Não é possível que, depois de tantos anos de negociações, frequentemente interrompidas por ações militares, não tenhamos ainda um Estado Palestino coeso e economicamente viável”, afirmou Lula, durante a cúpula. “Não podemos ficar insensíveis ao sofrimento do povo palestino”, disse. Ele ainda mandou um recado aos israelenses. “É importante que o novo governo de Israel se engaje firmemente no processo de paz, com base no plano árabe de paz”, disse. O plano prevê a normalização das relações entre árabes e Israel, que se retiraria das terras ocupadas. Lula já teria conversado sobre a questão com os governos russo e francês.
Segundo o chanceler da Autoridade Palestina, Riad al-Maliki, a ideia do Brasil tem o apoio de seu governo. “Discutimos a possibilidade de expandir o Quarteto como contribuição para a paz. Não há porque o processo ser monopólio de EUA e Europa”, disse. Os palestinos veem o Brasil como um aliado que poderia influenciar a seu favor na mediação. Maliki espera que o assunto seja tratado na reunião do Quarteto, em meados do ano em Moscou. “Apoiamos a expansão do Quarteto, com Brasil, Índia e África do Sul. Essa decisão pode ajudar a dar nova energia ao processo de paz”, disse o palestino. “O Brasil, que tem boas relações com israelenses e palestinos, pode usar os bons ofícios para pressionar Israel.”