País adquiriu estoque do medicamento L-Asparaginase suficiente para um ano. Em 2015, começa a produção nacional do remédio em parceria com a Fiocruz e laboratórios privados
O Distrito Federal e os demais estados brasileiros receberam do Ministério da Saúde o medicamento L-Asparaginase, que atua no combate à leucemia infantil. A medida garante a continuidade do tratamento para mais de 3 mil crianças em todo o País, com a compra de 52,3 mil frascos de L-Asparaginase, estoque suficiente para um ano. O medicamento ajuda na destruição das células doentes e aumenta significativamente a chance de cura do paciente. A ação foi feita em parceria com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).
Até o ano passado, o L-asparaginase era comprado pelos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) habilitados em oncologia. O Ministério da Saúde assumiu a compra depois que a empresa brasileira que distribuía o medicamento comunicou ao governo federal que o produtor estrangeiro havia interrompido a fabricação, e que os estoques durariam apenas até meados deste ano.
A expectativa do Ministério da Saúde é que, a partir de 2015, o L-Asparaginase passa a ser produzido no Brasil por meio de parceria entre a Fiocruz e os laboratórios privados NT Pharma e Unitec Biotec firmada em junho. Assim, o País fica livre de ser surpreendido pela suspensão da oferta por uma empresa privada internacional sem atividades produtivas no País.
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Carla Pacheco, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde em parceria com as entidades médicas evitou o desabastecimento do medicamento e o consequente prejuízo ao tratamento dos pacientes. “No início, nós ficamos temerosos que faltasse o medicamento, pois não há substituto no Brasil e o prazo era apertado. Felizmente, todas as medidas cabíveis para a compra emergencial foram tomadas. Imediatamente após a data anunciada para o encerramento da produção pelo laboratório, o Ministério já esta abastecendo os hospitais”, diz.
O medicamento
O L-asparaginase tem capacidade para destruir uma enzima essencial à sobrevivência das células cancerígenas da leucemia linfoide aguda, um tipo de leucemia comum na infância e que tem uma probabilidade de cura de cerca de 90%.
A produção do medicamento envolve tecnologia complexa. O produto é um biológico, ou seja, feito a partir de material vivo e manufaturado a partir de processos que envolvem biologia molecular. Os biológicos, nestes casos, são a única alternativa existentes em relação aos medicamentos tradicionais de síntese química, aumentando as possibilidades de sucesso no tratamento principalmente para doenças crônicas, além das vacinas.
Atualmente, os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida. O Brasil já produz hoje, via transferência de tecnologia, 25 biológicos para doenças como hemofilia, esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes. Até 2017, estes produtos terão fabricação 100% nacional.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, todos os anos, cerca de 9 mil casos de câncer infantil são detectados no País. Os tipos mais comuns são a leucemia (doença maligna dos glóbulos brancos) e os linfomas (que se originam nos gânglios). A boa notícia é que o diagnóstico precoce e a quimioterapia, juntos, representam a principal arma contra a doença e permitem índices de cura que chegam a 80%.
Outra peculiaridade do câncer infantil é que não há forma de prevenção, uma vez que não é possível explicar a razão do surgimento dos tumores. Alguns sinais da doença podem ser facilmente confundidos com os de quadros bastante comuns em crianças, como infecções. Alguns exemplos são o aparecimento de manchas roxas na pele e anemia. Os sintomas, entretanto, devem se manifestar por um período superior a duas semanas para causar algum tipo de alerta.
Fonte: Ministério da Saúde