Repertório traz canções dos dois primeiros discos, como “Lá no Suzano” e “Tudo azul”, além de clássicos do cancioneiro brasileiro
O multi-instrumentista carioca Carlos Malta ouviu pela primeira vez a Banda de Pífanos de Caruaru no disco Expresso 2222, lançado por Gilberto Gil em 1972. A instrumental Pipoca moderna, de Caetano Veloso e Sebastião Biano, abria com sopros nordestinos o primeiro álbum do músico baiano após o exílio londrino. “Fiquei encantado com o som e descobri que no Brasil havia heróis da flauta que eu desconhecia”, lembra. Nascia ali o desejo de tocar em uma banda de pífano, instrumento de sopro também conhecido como pífaro ou pife.
E é com a banda Pife Muderno que Malta se apresenta, de sexta-feira (20) a domingo (22), na Caixa Cultural Fortaleza. Fundada por ele, em 1994, a banda é formada por Andrea Ernest Dias, na flauta, Marcos Suzano e Bernardo Aguiar, nos pandeiros, e Oscar Bolão, na percussão. A formação revela uma característica herdada da Banda de Pífanos de Caruaru: a união entre pife e percussão. O grupo de Malta, entretanto, dá a essa formação novos elementos, como uma flauta na segunda voz, a presença da bateria e um toque de pandeiro moderno, característico do trabalho de Marcos Suzano.
Com dois discos gravados – Carlos Malta e Pife Muderno, de 1999, e Paru, de 2006 – os músicos se preparam para lançar o terceiro, ainda este ano, com a gravação de um show realizado em Pequim, na China. O repertório do show que o grupo apresenta traz canções dos dois primeiros discos, como as composições de Malta Tupyzinho, Lá no Suzano e Tudo azul, além de clássicos do cancioneiro brasileiro, como O canto da ema, de Alventino Cavalcante, Ayres Viana e João do Vale, e Asa branca, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.
Carlos Malta e o pife
Nesta sexta-feira (20), às 10h, também na Caixa Cultural Fortaleza, Carlos Malta dará uma palestra sobre o pife. O instrumento de sopro tipicamente brasileiro, nascido da união das tradições indígena e europeia, possui parentes na Índia, no Japão, na China e em outros países sul-americanos. “É um canal com o invisível em várias culturas, sendo o guia de rituais há milênios. Sua música é rica em expressão e o virtuosismo dos tocadores é fruto de anos dedicados a estudo e devoção profunda”, explica Malta.
Virtuose nos saxofones e nas flautas, com os quais toca ritmos como samba, blues, jazz, choro e bossa nova, Malta não esconde a sua predileção pelo pife. “Sinto a música nordestina como o leito perfeito para desaguar o rio de som que tem em mim. Os cantos e modos mixolídios juntam o ar oriental e ocidental. Talvez daí venha essa universalidade”, finaliza.
Fonte: Agência Caixa