Ações de combate à dengue deste ano não se iniciaram


A pré-estação chuvosa – que abrange os meses de dezembro e janeiro – chegou. E com ela, a preocupação com a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. O problema é que, por causa do período de transição da gestão municipal, as ações de combate à dengue não começaram. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as ações ainda estão sendo finalizadas. Dessa forma, Fortaleza, que vem de duas epidemias (2011 e 2012), corre o risco de sofrer nova epidemia de dengue.

Além do trabalho dos agentes, gestores alertam para a importância de cada um fazer a sua parte contra o mosquito, mantendo a caixa-d´água fechada, não deixando água acumulada sobre a laje e mantendo tampados os barris Foto: Alex Costa

No ano passado, foram notificados na Capital 38.989 casos da doença. Para este ano, a expectativa é de diminuição dos casos susceptíveis, uma vez que não é comum acontecer três anos seguidos de epidemia de dengue, como explica Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Porém, o gestor alerta que se não houver um controle rigoroso na Capital, a tendência é de que a doença se expanda também para a região metropolitana.

“É um sorotipo novo, então preocupa”, destaca. Como as chuvas já começaram, o gestor afirma que o controle deve ser feito o mais rápido possível. Essas ações são fundamentais para evitarmos novas epidemias. A dengue é imprevisível, se não houver um controle maior, pode haver surto epidêmico em alguns bairros da cidade”, previne Fonsêca. O gestor ressalta que, no ano passado, as ações retardaram a começar, o que prejudicou, principalmente porque entrou um novo sorotipo, tornando ainda mais difícil o combate.

“É preciso evitar que o novo sorotipo se espalhe, pois todos podem ter a doença”, alerta. Apesar do mês de janeiro não ter terminado, o coordenador da Sesa informa que alguns casos foram registrados, neste ano, em Fortaleza e no município de Tauá, localizado a 337 Km da Capital. Independentemente do trabalho dos agentes de endemias, ele reforça que é importante que cada um faça a sua parte.

Nos próximos dias 24 e 25, será realizado, pela Sesa e Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), o primeiro encontro com os novos gestores de saúde, dos 184 municípios cearenses. Um dos temas em debate é o combate à dengue. Como a Capital vem de dois surtos epidêmicos de sorotipos diferentes (tipo 1, em 2011; e tipo 4, no ano passado), a preocupação maior é com os municípios de maior porte e a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde os secretários estaduais de saúde devem ter atenção maior.

Nélio Morais, da equipe de transição de vigilância e controle de zoonoses da SMS, explica que o plano de contingência está sendo finalizado e que as ações de combate à dengue deverão ser iniciadas o quanto antes. Depois de pronto, o plano será encaminhado à secretária Socorro Martins, ao prefeito Roberto Cláudio e à Câmara Municipal de Fortaleza, onde deverá ser avaliado e aprovado.

Nele constará todo o perfil de atuação do município no combate à dengue, especificando os responsáveis e as responsabilidades de cada um. “O plano vai desde a unidade primária de atenção até os hospitais terciários de maior complexidade”, esclarece o gestor. Caso seja deflagrada nova epidemia, serão atacados os pontos estratégicos, buscando resultados em um curto espaço de tempo. Será feito também um diálogo direto com a população, através da comunicação de mobilização.

Enquanto o plano não é finalizado, Morais informa que o trabalho dos agentes de endemia continua sendo realizado. “Fortaleza vem da maior epidemia de sua história. Nos últimos quatro anos, ocorreram 47% dos casos de dengue dos últimos 26 anos, o que é muito grave. Nunca se teve em uma situação tão preocupante quanto nos últimos anos”, constata o gestor.

Combate

Para evitar que neste ano o problema se repita em Fortaleza, Morais reforça que é preciso identificar onde estão os problemas, que vem liderando os número de casos em todo o Nordeste, para que se possa atacar de maneira concreta. Existem, na Capital, 1.885 agentes de zoonoses e controle de endemias.

Trabalhando diretamente em campo, no combate à dengue, são mais de 800 agentes de endemias. Número que, de acordo com o gestor, deverá ser intensificado. No ano passado, 71.986 casos de dengue foram notificados nos 184 municípios cearenses. O destaque é para Fortaleza (38.986) e Maracanaú (2.282), que tiveram maior número de casos confirmados.

Notificações

71 mil casos de dengue foram notificados no ano passado, nos 184 municípios cearenses. Com destaque para Fortaleza (38.986) e Maracanaú (2.282)

 

Diário do Nordeste