As negociações para obter um acordo de cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza dependem agora somente de Israel, depois que o movimento islâmico palestino Hamas entregou a resposta final a uma proposta que está sendo pactuada há semanas com a mediação egípcia.
As conversas indiretas entre Hamas e Israel buscam alcançar um compromisso para colocar fim às hostilidades em Gaza durante um ano e meio, e consolidar a delicada trégua provisória que vigora desde 18 de janeiro.
"Demos nosso acordo para observar com Israel uma trégua de 18 meses, incluindo a abertura dos seis postos fronteiriços com Gaza e a interrupção de qualquer atividade militar ou agressão", afirmou o dirigente palestino Moussa abu Marzuk.
À frente de uma delegação do Hamas, Marzuk chegou ao Cairo há dois dias a partir de seu exílio em Damasco para se reunir com uma equipe de mediadores egípcios liderada pelo chefe dos serviços de inteligência, o general Omar Suleiman.
Em entrevista reproduzida pela agência oficial egípcia "Mena", Marzuk, vice do Hamas, acredita que, nas próximas 48 horas, o Egito pode anunciar o acordo final para um cessar-fogo em Gaza.
Em outras declarações à rede de televisão catariana "Al Jazira", o dirigente palestino disse que, a partir de agora, a única coisa que falta é a resposta de Israel.
O otimismo de Marzuk sobre a possibilidade de obter em breve um acordo coincide com versões divulgadas pela "Mena", que citou fontes egípcias não identificadas que ressaltaram, na quinta-feira à noite, que o resultado das conversas é esperado para as próximas horas.
A mediação egípcia teve início durante o conflito armado que começou em Gaza em 27 de dezembro, e terminou com 1.400 palestinos mortos. O confronto acabou graças à trégua proclamada entre as duas partes em 18 de janeiro.
No entanto, o cessar-fogo foi esporadicamente rompido desde então, e, hoje mesmo, dois foguetes lançados a partir de Gaza atingiram a região de Eshkol e a localidade de Sderot, no sul de Israel, sem deixar vítimas.
Aquela que poderia ser a fase final das negociações ocorre em um momento em que Israel se encontra no meio das negociações políticas para a formação de um novo Governo, após as eleições do dia 10, que não deixaram um claro vencedor.
Os resultados finais anunciados na quinta-feira indicam que o partido Kadima, dirigido por Tzipi Livni, conquistou 28 deputados, um a mais que o conservador Likud, dirigido por Benjamin Netanyahu.
Na próxima semana, o presidente israelense, Shimon Peres, deve convocar consultas para designar o novo primeiro-ministro. Até então, Kadima e Likud aceleram suas conversas para obter o apoio de partidos minoritários.
Segundo Marzuk, o pacto que o Hamas confia em fechar nas próximas 48 horas não incluirá o caso do soldado israelense Gilad Shalit, capturado por milicianos de três grupos palestinos em 25 de junho de 2006, incluindo o Hamas, e cujo paradeiro é desconhecido.
Hamas e Israel estudam a possibilidade de acertar uma troca de prisioneiros que incluiria o caso de Shalit, conforme o dirigente palestino confirmou em suas declarações.
O movimento islâmico entregou aos mediadores egípcios uma lista dos presos palestinos que estão nas prisões israelenses e que pede que sejam libertados em troca de Shalit.
"Assim que Israel aceitar, a troca de prisioneiros ocorrerá", acrescentou Marzuk