A despeito de todas as críticas que recebeu por manter os planos de investimentos em duas novas refinarias voltadas para a exportação, a Petrobras antecipou em pelo menos seis meses a construção das unidades no Maranhão e no Ceará, que deverão receber juntas investimentos de US$ 30 bilhões.
Agora, as duas unidades terão uma primeira fase iniciando as operações respectivamente no primeiro e segundo semestre de 2013. A segunda etapa de cada uma entra em 2015. A informação já havia sido dada pelo governo estadual e divulgada pelo Diário do Nordeste na edição de 30 de janeiro deste ano, mas ganha peso com a confirmação da estatal.
Auto-suficiência
As duas refinarias devem garantir a auto-suficiência nacional em óleo diesel e fazer do Brasil um País exportador, disse ontem o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, reconhecendo que hoje o País é auto-suficiente apenas em petróleo e alguns combustíveis (gasolina entre eles). De acordo com Costa, no ano passado o Brasil chegou a importar picos de 100 mil barris de diesel por dia (bpd). Já em janeiro, segundo ele, foi uma média de 30 mil bpd importados de óleo diesel.
O diretor da estatal aposta na safra brasileira, que deve ser igual a 2008, para garantir o mesmo patamar de consumo de combustíveis no País.
Segundo Costa, a antecipação das refinarias foi decidida para acompanhar o ritmo de crescimento da produção de petróleo no País.
Derivados no foco
´Já estamos dizendo há um bom tempo que não queremos nos tornar exportadores de petróleo, mas sim de derivados´, disse. Costa ressaltou que a antecipação dos investimentos ocorre sem aumento nos custos. ´Só teremos benefícios´, disse.
Ele voltou a criticar a postura de analistas que julgaram inconveniente que a estatal faça os investimentos nestas duas unidades de refino voltadas para a exportação em momento de retração do consumo mundial de combustíveis.
´Quem afirma isso tem uma miopia de mais de dez graus. Esses projetos não estão sendo criados com uma varinha de condão para começarem a atuar hoje. Estamos olhando para um futuro em que não haverá mais crise´, afirmou.
´Temos convicção de que a crise não vai durar 10 anos, nem cinco, talvez nem três anos e queremos estar preparados para fazer da Petrobras uma empresa mais forte para quando este ciclo se encerrar´, completou o executivo.
Novas unidades
Seguindo o raciocínio de acompanhar a produção de petróleo no Brasil, Paulo Roberto Costa não descartou a possibilidade de serem construídas novas unidades de refino após 2013, mas não quis fazer qualquer afirmação neste sentido para ´não levar um puxão de orelha da CVM´, já que o plano de negócios da companhia só contempla o período entre 2009 e 2013.
PDVSA quase descartada
A participação da petroleira venezuelana PDVSA no capital acionário da Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Petrobras está cada vez mais distante. Inicialmente o projeto previa que a PDVSA tivesse 40% do capital da unidade, que vai começar a operar em 2011 e receberá investimentos de US$ 4 bilhões para processar 230 mil barris de óleo pesado. Mas o diretor e Abastecimento da Petrobras reafirmou hoje que há indicativos de que a PDVSA pode ser descartada do empreendimento se não voltar atrás em suas exigências: um preço melhor para o óleo que seria trazido da Venezuela para ser processado na unidade, e ainda a possibilidade de disponibilizar sua parte de óleo refinado na unidade junto ao mercado nordestino. Segundo Paulo Roberto Costa, a proposta da Petrobras é para que a Refinaria Abreu e Lima seja um espelho das demais unidades do país, entre elas a Refap, no Rio Grande do Sul, em que a Repsol participa com um porcentual de 30%.
"Vendemos o óleo processado indistintamente para todas as distribuidoras. Estamos preservando assim as pequenas distribuidoras do Nordeste que poderiam quebrar caso a PDVSA vendesse sua parcela para apenas uma unida unidade ou por um preço inferior ao do mercado", concluiu.