O governo do Quirguistão confirmou nesta sexta-feira que sua decisão de "expulsar" militares americanos da base área de Manas é definitiva. Trata-se de um dos postos mais importantes para os americanos no Afeganistão. "O destino da base foi decidido", afirmou o secretário do Conselho de Segurança quirguiz, Adakhan Madumarov.
O Quirguistão determinará a saída dos americanos para cumprir uma exigência feita pela Rússia para a concessão de US$ 2 bilhões em empréstimo e de mais US$ 150 milhões em ajuda financeira ao Quirguistão. Mesmo após o anúncio, os Estados Unidos afirmaram que continuariam dialogando com o Quirguistão, o que foi afastado nesta sexta-feira.
Militares americanos abrem o portão da base aérea de Manas, que deverão deixar em breve
"Não vejo porque continuar com isso em pauta quando a decisão está tomada. Não falamos mais sobre isso", completou Madumarov.
O governo quirguiz ainda precisa de aprovação dos parlamentares para dar continuidade ao processo de "expulsão" dos americanos, porém a votação –que deverá ocorrer semana que vem– é considerada mera formalidade, já que o Parlamento é controlado pela situação. Uma vez notificados, os americanos terão 180 dias para deixar a base.
O general americano David Petraeus, comandante das forças americanas no Afeganistão e no Iraque, disse recentemente, em uma visita ao Quirguistão, que os EUA injetam US$ 150 milhões todos os anos na economia quirguiz, incluindo US$ 63 milhões pelo aluguel da base.
Sem a base, os americanos precisam se esforçar para encontrar uma rota de suprimentos para o Afeganistão. O Tadjiquistão teria oferecido o seu espaço aéreo para o transporte de suprimentos não-militares da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte); enquanto o Uzbequistão teria oferecido a abertura de uma nova via terrestre.
Rússia
O fechamento da base no Quirguistão e a consequente pressão sobre os EUA para negociar com a Rússia e seus aliados –ex-repúblicas soviéticas– é visto como uma estratégia russa para minar a influência americana na Ásia Central.
Nesta sexta-feira, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou durante uma entrevista à TV que irá dar consentimento para os americanos enviarem material para o Afeganistão, desde que isso não inclua armas; e chamou os militares de "sócios americanos". "Quando recebermos, daremos a autorização correspondente", disse.