Paraguai aberto ao debate sobre juventudes


De 5 a 7 de novembro, será realizada em Assunção, no Paraguai, uma oficina interna ligada à pesquisa "Juventudes Sul-Americanas: diálogos para a construção da democracia regional", com a presença de pesquisadores(as) dos seis países que a desenvolvem e representantes do governo paraguaio.

A escolha do Paraguai como sede para o encontro merece destaque. O país experimenta a abertura democrática após 60 anos da permanência do mesmo partido no poder. O ex-bispo Fernando Lugo ganhou a eleição, levando ao fim seis décadas de dominação do Partido Colorado. Apesar de liderar uma coligação ampla e cheia de contradições internas, Lugo conseguiu unificar partidos de oposição e conta com o apoio de grupos de esquerda e de organizações e movimentos sociais de massa.

"Após 61 anos do Partido Colorado no poder, de autoritarismo e negação de direitos básicos, o atual cenário é propício para corrigir questões como desigualdade de direitos, desemprego, falta de acesso à educação e à saúde, que influenciam o cumprimento das demandas dos jovens. O momento político para eles é de romper e superar as fragmentações e a falta de diálogo, com a promoção de um debate efetivo que beneficiará não só o país, mas toda a região", analisa Luis Caputo, coordenador da pesquisa "Juventudes Sul-americanas: diálogos para a construção da democracia regional" no Paraguai e Integrante de Base-Is.

Entre os objetivos do encontro estão a preparação dos Grupos de Diálogo, terceira e última fase pesquisa Juventudes Sul-Americanas, e a apresentação do Plano Nacional de Juventude do Paraguai. A relevância do documento se apóia no fato de 60% da população paraguaia ser menor de 30 anos, além do próprio momento de abertura política.

O plano será apresentado pela vice-ministra de Juventude paraguaia, Karina Rodríguez, durante um evento público na Câmara dos Deputados, juntamente com a pesquisa coordenada pelo Ibase e pelo Instituto Pólis.

Para o pesquisador do Ibase, Maurício Santoro, "o evento servirá para ajudar a entender a relação do que o governo está fazendo com o que a juventude deseja".

Caputo afirma ter grandes expectativas para o seminário. "É um evento sem precedentes. Será uma oportunidade de compartilhar uma visão estratégica da juventude sul-americana e avançar na construção de uma agenda multidimensional baseada principalmente nas demandas identificadas até então em nossa pesquisa."

Durante esta semana, na XVIII Cúpula dos Chefes de Estado dos Países Ibero-Americanos, em El Salvador, o presidente Paraguaio Fernando Lugo reclamou aos governos a criação de novas realidades para a juventude da região e afirmou serem necessárias ações e não promessas.

Segundo ele, "não se pode esperar uma juventude capaz de demonstrar todo seu potencial se os estados não puderem oferecer a ela condições necessárias ao seu desenvolvimento". Lugo prometeu que fará esforços para ratificar a convenção ibero-americana de juventude.

Sobre as expectativas em relação aos resultados do encontro em Assunção, Caputo diz: "Considero que este encontro, em um novo contexto politico e institucional, deixa os resultados do projeto em posição relevante para auxilar a implementação dos direitos da população jovem".