PCdoB apóia Lula, mas pede mudanças na economia


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá o apoio formal do PCdoB na campanha à reeleição.  Lula recebeu 11 membros da direção comunista na manhã de ontem no Palácio do Planalto. A comitiva contou com a presença do presidente do Partido, Renato Rabelo, do presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo e do líder da bancada do PCdoB na Câmara Federal, deputado Inácio Arruda.


Durante a reunião, Lula reafirmou a prioridade de seu governo, caso ganhe as eleições, para aprovar a reforma política, e defendeu, segundo relatos, a extensão do mandato presidencial para cinco anos, impondo o fim à reeleição a partir de 2010.


“O presidente não chegou a dizer que colocaria o fim da reeleição na reforma política, mas a defesa que ele fez (de ampliar o mandato para cinco anos), dá para entender que sim. Ele disse que acha justo os cinco anos, sem reeleição”, contou Renato Rabelo.


Além do PCdoB, que ocupa apenas o Ministério do Esporte, Lula terá o apoio formal somente do PRB do vice José Alencar.


Na convenção, o PCdoB apresentou uma carta programática em que fez um balanço do governo Lula e uma análise do processo eleitoral e das leis que o regulamentam. O ponto polêmico do documento é a crítica à ortodoxia deste governo na área econômica.


A grande preocupação do PCdoB nestas eleições é ultrapassar a chamada cláusula de barreira. A regra obriga o partido a eleger um número mínimo de deputados federais para ter direito à representação parlamentar, dinheiro do fundo partidário e tempo de TV e rádio em eleições futuras.


A avaliação é de que o partido dificilmente chegará a esse objetivo, tendo que contar, no futuro, com mudanças na lei eleitoral ou, no limite, recorrer ao Supremo Tribunal Federal para contestar a medida jurídica.
 
Renato Rabelo, presidente do PCdoB, disse que “foi uma conversa muito amistosa, “uma convivência entre camaradas por quem ele tem um grande apreço”. Ao agradecer o apoio, Lula adiantou que, caso seja reeleito em outubro, deverá encaminhar a reforma política já nos primeiros meses do novo mandato. “A reforma política será a questão mais importante, inadiável”, enfatizou, tirando lições da prolongada crise política do ano passado.


Sobre a eleição presidencial, Lula fez o convite para que o PCdoB participe do comando do comitê de campanha e das diferentes comissões que serão formadas em torno dele. Disse que deseja um contato permanente com os presidentes dos partidos que o apóiam, inclusive viajando junto, durante a maratona de julho-agosto-setembro.



Problemas em Brasília e no Ceará


Durante a conversar, o presidente Lula reiterou a sua disposição de contribuir para resolver as questões entre Agnelo Queiroz e a petista Arlete Sampaio, que concorrem ao governo do Distrito Federal, em uma dispersão das forças progressistas que favorece o continuísmo, e da disputa entre Inácio Arruda, do PCdoB, e Eunício Oliveira, do PMDB, na indicação para o Senado na frente pró-Lula.


O prazo para as convenções partidárias se encerra amanhã (), mas ainda podem ocorrer redefinições até 5 de julho, data-limite para as atas das convenções serem entregues. No caso do Ceará, Lula prometeu também conversar com o ex. ministro Ciro Gomes, ainda na noite de ontem (.06.06), na tentativa de resolver esse impasse o mais rápido possível.