Tuberculose


Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB), apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), desenvolveram novos compostos (o IQG607 e o IQG639) capazes de tratar a tuberculose de forma menos agressiva para os pacientes que os atuais medicamentos.

Os testes in vivo, ou seja, com animais, se mostraram extremamente promissores, segundo os pesquisadores. “Nossos compostos são diferentes, pois matam as amostras resistentes às atuais drogas e se mostraram atóxicos”, afirma o coordenador do INCT-TB e bolsista do CNPq, Diógenes Santiago Santos.

“Estes seriam os primeiros farmoquímicos de concepção inteiramente nacional. As drogas para tratamento da TB são importadas da Índia, China, Coréia do Sul e distribuídas gratuitamente pelo governo federal através do Sistema Único de Saúde (SUS)”, completa o pesquisador.

Um terço da população mundial está infectada com o bacilo mycobacterium tuberculosis e, desse total 10% irão desenvolver a forma ativa da doença, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais de 30 milhões de pessoas morreram em decorrência da moléstia nos anos de 1990.

O bacilo pode permanecer dormente até que as defesas do corpo sejam diminuídas, como no caso de soropositivos ou imunodeprimidos por fármacos. Atualmente, o tratamento preconizado pela OMS combina quatro drogas: Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida e Etambutol, destinadas a evitar o surgimento de mutações que levam à resistência.

Contudo, o maior problema para o tratamento da enfermidade foi o surgimento de amostras MDR e XDR (Mutiple Drug Resistance e Extensively Drug Resistance, respectivamente nas siglas em inglês). As MDR são resistentes pelo menos a Isoniazida e Rifampicina e as XDR são resistentes a quase todas as drogas, incluindo as de segunda linha, e virtualmente intratáveis.

Ao lado disso, não houve avanços consideráveis no tratamento da doença. A droga mais recente utilizada contra tuberculose foi introduzida há quase 40 anos, o que mostra que a indústria farmacêutica não se empenhou para criar novos fármacos, especialmente porque ue 95% dos casos registrados da doença ocorrem em países não desenvolvidos. Ou seja, é uma doença comum apenas em países pobres.

Os fármacos brasileiros, que começaram a ser desenvolvidos em 2001, foram patenteados para proteger os achados. Mas, para baratear o produto final, a patente será aberta no momento da produção comercial. O que não deve demorar, garante Diógenes “Estamos em discussão com um grande laboratório farmacêutico nacional, para a formulação da droga que será de uso oral”. O nome tuberculose decorre do tipo de lesão que a bactéria mycobacterium tuberculosis causa nos pulmões, caracterizada por nódulos, ou tubérculos, de matéria morta, com coloração acinzentada.