Fortaleza, 288 anos de luta e esperança


Fortaleza, 288 anos de luta e esperançaO aniversário de Fortaleza, que neste 13 de abril comemora seus 288 anos, constitui um momento privilegiado para que possamos pensar não apenas na cidade que se construiu nesses quase três séculos, mas também na cidade que queremos deixar de herança para a presente e as futuras gerações.

Na longa história de Fortaleza, há muitos períodos, episódios e personagens marcantes, mas queremos nos ater, aqui, ao acelerado processo de crescimento que a cidade viveu nas últimas décadas, e que nos trouxe à posição de quinta maior metrópole brasileira, polo econômico regional e nacional, com todas as potencialidades, problemas e desafios que essa condição acarreta. Em meados do século passado, a população de Fortaleza não chegava a quinhentos mil habitantes. Hoje, já somos mais de dois milhões e quinhentos mil fortalezenses, de nascimento ou adoção.

A reunião de tantas pessoas em um mesmo território traz vantagens evidentes, que se traduzem na riqueza cultural que produzimos, nas possibilidades de troca de experiências, de manifestações de solidariedade social e de mobilização popular para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Mas traz, igualmente, grandes problemas e desafios, principalmente quando o crescimento da cidade se dá no âmbito de um processo de desenvolvimento econômico concentrador e excludente, como foi o caso brasileiro até recentemente.

Os problemas de Fortaleza são os problemas de todas as grandes cidades brasileiras: o inchaço das periferias devido à migração massiva; a deficiência dos equipamentos de infraestrutura urbana (abastecimento d’água e saneamento, entre outros) e de serviços básicos (educação, saúde e segurança), principalmente aqueles direcionados ao atendimento das parcelas mais pobres da população. A questão da mobilidade, com a falência explícita do modelo atualmente adotado na maioria das cidades, que privilegia o transporte individual em detrimento do transporte público, entrou de vez na agenda de debates nacional depois das manifestações de junho e julho do ano passado.

São problemas graves que, para serem superados, exigirão uma participação cada vez maior da população, e uma mobilização cada vez mais decidida dos seus setores organizados e de suas lideranças comunitárias, sociais e políticas. Grandes e urgentes intervenções dos poderes públicos se fazem necessárias, o que revela o caráter eminentemente político das lutas que nos esperam nos próximos anos. Porque nenhum desses problemas pode ser resolvido isoladamente, e todos eles encontram sua fonte na escandalosa desigualdade social que marca toda a nossa História, e que precisa ser enfrentada e ultrapassada de uma vez por todas, para que o Brasil possa efetivamente ingressar em um novo patamar civilizatório, e para que nossas cidades possam garantir justiça, segurança e paz a todos os seus cidadãos.

Por maiores que sejam os desafios, saberemos ultrapassá-los, como nossos antepassados souberam ultrapassar os desafios que o tempo histórico lhes apresentou, e Fortaleza continuará sua trajetória de cidade calorosa e acolhedora, amada por seus filhos e admirada por todos que a conheçam.