Cerca de um ano antes que se completem os 50 anos do golpe de 1964, o documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, de Camilo Tavares, traz à luz diversos documentos inéditos, sobre os quais por vários anos pesaram cláusulas de sigilo, que comprovam o decisivo envolvimento dos EUA na derrubada do presidente João Goulart e na instalação da ditadura militar no Brasil. O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Salvador.
O primeiro dos presidentes militares, Humberto de Alencar Castelo Branco. Dia 31 de março de 1964, o Golpe Militar (Foto: Divulgação)

Além dos raros materiais de arquivo, diversas entrevistas realizadas pelo jornalista Flávio Tavares – pai do cineasta Camilo Tavares – completam o documentário. Uma delas, com o brasilianista Thomas Skidmore, que define Lincoln Gordon (que morreu em 2009) como “um produto da Guerra Fria”.
Ele e outros pesquisadores assinalam que os EUA viam Goulart como “comunista” por sua defesa de reformas de base, como uma lei de remessas de lucro que contrariava interesses das multinacionais norte-americanas. O medo era que o Brasil repetisse o exemplo de Cuba, que fizera sua Revolução em 1959.
Não faltam entrevistas com participantes do regime de 1964, caso do general Newton Cruz – que, curiosamente, faz reparos ao movimento que integrou. Diz ele: “Quando a Revolução nasceu, era para fazer uma arrumação de casa. Ninguém leva 20 anos para arrumar a casa!”.
Em outra conversa, o entrevistador Flávio Tavares fica frente a frente com o coronel Jarbas Passarinho – responsável pela assinatura de sua extradição quando, como preso político, foi trocado, junto com outros prisioneiros, em 1969, pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado por uma coligação de vários grupos da luta armada.
Fonte: Agência Estado