O presidente de Cuba, Raúl Castro, assumiu a Presidência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o principal organismo de integração regional, o que constituiu o respaldo mais importante de seus vizinhos ao regime comunista da ilha. “Bem-vindo sr. Raúl Castro, o parabenizo e lhe entrego o comando”, afirmou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, ao transmitir a presidência temporária, por um ano, da comunidade formada por 33 países da América Latina e do Caribe, criada em Caracas em 2011. O regime cubano sofre embargo econômico e é alvo de uma política de isolamento por parte dos Estados Unidos, e a Celac é o primeiro organismo de diálogo e cooperação que reúne todos os países da América Latina e do Caribe sem a participação dos EUA e do Canadá.
Apesar da ausência dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, que se recupera de uma cirurgia em Cuba, e Dilma Rousseff, que retornou ao Brasil para prestar apoio ás vítimas da tragédia na boate de em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a postura de união e integração entre os países da região foi louvada pelos chefes de Estado presentes.
Raúl Castro, de 81 anos, reconheceu que entre os integrantes do grupo “há pensamentos distintos e inclusive diferenças”, destacando a importância da integração na luta pela independência. “A Celac não é, portanto, uma sucessão de meras reuniões nem de coincidências pragmáticas, mas uma visão comum da grande pátria”, disse. O presidente uruguaio, José Mujica, celebrou “este clima que estamos vivendo, de gente que pensa muito diferente, mas descobre que tem que andar junta, algo que nunca se viu na nossa América”.
O destaque de ontem na cúpula foi a leitura feita pelio vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de uma carta atribuída a Hugo Chávez. Na mensagem, o mandatário defendeu que Cuba lidere o grupo de latinos. Antes de ler a mensagem, Maduro mostrou a assinatura da carta, que foi feita com uma caneta vermelha, normalmente usada pelo presidente. O resto da carta, de 12 páginas, foi digitado. “Eu sinto muito não poder estar nessa reunião, mas, como todos vocês sabem, desde dezembro eu luto mais uma vez pela minha saúde”, lamentou. “Os países da comunidade latina estão dizendo aos Estados Unidos com voz única que todas as tentativas de isolar Cuba fracassaram e fracassarão. Essa nomeação é um ato de justiça após mais de 50 anos de resistência ao criminoso bloqueio imperial.”
Chávez fez uma forte defesa do mecanismo regional de integração e pregou união entre os países latino-americanos. “Coloco toda a minha convicção em reiterar: “ou fazemos a única pátria grande ou não teremos pátria”, disse Chávez na carta,ss cheia de citações literárias que incluíam referências ao venezuelano libertador Simón Bolívar, ao escritor argentino Jorge Luis Borges e ao poeta chileno Pablo Neruda. Chávez promoveu a criação da Celac como um contrapeso à Organização dos Estados Americanos (OEA), em que seu arqui-inimigo Estados Unidos tem forte influência. “Desde aquele dezembro de 2011, quando fundamos em Caracas a Celac, os acontecimentos mundiais não fizeram mais do que ratificar a extraordinária importância desse acontecimento para o futuro”, disse.
EM.COM