Tartarugas desovam no Serviluz


Entre os meses de dezembro e abril, os moradores do bairro Serviluz costumam encontrar pequenas tartarugas na Praia do Vizinho, ao lado do Titanzinho. Isso acontece porque aquela área é utilizada como local de desova por esses animais. Porém, a população está preocupada com a segurança dos filhotes devido à falta de fiscalização do poder público ou apoio de alguma organização.

Moradores aprenderam a cuidar dos filhotes de tartaruga e assim garantir a ida deles ao mar com segurança. No local, população já encontrou a espécie Pente, considerada extremamente ameaçada de extinção FOTO: NATINHO RODRIGUES

Há três anos, o proprietário da Escola Beneficente de Surf Titanzinho João Carlos Sobrinho viu que as tartaruguinhas precisavam de ajuda para chegar ao mar com segurança e por isso resolveu ajudar. “Era um sábado quando várias delas saíram do ninho no fim da tarde. Muitas pessoas foram lá e ficaram pegando os filhotes. Eu briguei com quem fez isso, e, depois, peguei um balde, juntei todos e os levei para o mar”.

João Carlos explica que no “outside” (região após a arrebentação das ondas) do Titanzinho existe um recife de coral onde vive um grande número desses animais. Por isso, os surfistas que fazem parte da escola se juntam, na época dos nascimentos, e levam os filhotes até esse local em segurança. “Os moradores já se acostumaram a ajudar as tartarugas”, comenta.

Há cinco meses, o professor e alguns de seus alunos encontram, na areia da praia, uma pequena tartaruguinha da espécie Pente, considerada criticamente ameaçada de extinção, com muitas marcas de corte e também bastante debilitada.

“Liguei para o Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e eles me mandaram contactar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas nunca ninguém veio pegar o bichinho. Também procurei a Aquasis, mas não tive resposta. Por isso, resolvi eu mesmo cuidar do animal até ele ficar bom para depois poder devolvê-lo ao mar”, conta.

Adaptação

A partir desse momento, o proprietário da Escola Beneficente de Surf Titanzinho passou a tratar da tartaruga em sua residência. Foram usados ostras e camarão para alimentar o animal. “Com o tempo, ele foi ficando forte. Para ir se acostumando com o mar novamente, eu sempre o levo para perto dos corais. Mas, como ele não tem a parte das patas traseiras, é difícil conseguir afundar”, lamenta.

Agora, João Carlos torce para que órgãos da Prefeitura, governos Estadual ou Federal comecem a realizar algum trabalho no local com o objetivo de proteger as tartaruguinhas. Ele acredita que a realização de um estudo seria de fundamental importância para a sobrevivência dos animais naquele local.

A reportagem tentou entrar em contato com o Ibama, Labomar e Aquasis, mas, até o fechamento dessa edição, não obteve respostas sobre a proteção das tartarugas da Praia do Vizinho.

 

Diário do Nordeste