A guerra na Síria se tornou dividida ao longo de linhas sectárias, colocando cada vez a comunidade alauita, atualmente no poder, contra a maioria sunita, com combatentes estrangeiros ajudando ambos os lados, disseram investigadores de direitos humanos da ONU nesta quinta-feira. Na quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin fez os primeiros comentários sobre uma Síria pós-guerra, mas insistiu que a opção de intervenção militar não é uma opção.
“Conforme as batalhas entre as forças do governo e grupos armados contrários ao governo chegam perto do fim de seu segundo ano, o conflito se tornou abertamente sectário em sua natureza”, disseram os investigadores independentes, liderados pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, em seu relatório mais recente, de 10 páginas.
Forças do governo sírio aumentaram o uso de bombardeios aéreos, incluindo ataques a hospitais, e evidências sugerem que esses ataques são “desproporcionais”, afirmam os investigadores da ONU. A condução de hostilidades nos dois lados do conflito é “cada vez mais em violação à lei internacional”, acrescentaram.
“Sentindo-se ameaçadas e sob ataque, minorias étnicas e religiosas têm cada vez mais se alinhado com partes do conflito, aprofundando as divisões sectárias”, afirma o relatório.
A maioria dos “combatentes estrangeiros” que entram na Síria para se juntar a grupos rebeldes, ou para lutar de forma independente com eles, são sunitas de outros países do Oriente Médio e do Norte da África, disseram os investigadores da ONU, que elaboraram o relatório após realizar entrevistas na região entre os dias 28 de setembro e 16 de dezembro.
O grupo xiita libanês Hezbollah confirmou que seus membros estão na Síria combatendo ao lado do governo. Também há informações de que xiitas iraquianos também estão combatendo na Síria e o Irã confirmou em setembro que suas Guardas Revolucionárias estão dando ajuda à Síria.
Putin: Nos importamos com o que vem depois
No que parece ser os primeiros comentários da Rússia sobre um futuro da Síria, Putin disse não estar preocupado com o futuro do regime, mas sim em impedir que a luta sectária continue sem previsão de fim.
– Não estamos preocupados com o destino do regime Assad. Entendemos o que acontece lá e que a família está no poder há 40 anos – disse o presidente russo, em um programa de TV na quarta-feira. – O que nos preocupa é outra coisa: o que vem depois? Não queremos simplesmente que a atual oposição chegue ao poder e continue a brigar com as pessoas que hoje são as autoridades do país. Não queremos que isto se perpetue para sempre.
Putin, no entanto, descartou mais uma vez a possibilidade de uma intervenção estrangeira no país e reafirmou que o próprio povo sírio deve decidir seu futuro.
– Apoiamos uma solução para o problema que salve a região e o país de uma guerra civil sem fim. Nossa posição não é manter Assad e seu regime no poder a qualquer custo – disse o mandatário russo.
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