Semana de Combate a Leishmaniose


Uma Semana Nacional de Controle e Combate a Leishmaniose é o que propõe o senador Inácio Arruda, através do Projeto de lei, nº 66 de 2009, apresentado no Senado Federal.

O objetivo é estimular ações educativas e preventivas, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de vigilância e controle da doença, apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil de prevenção e combate e difundir os avanços técnico-científicos relacionados à prevenção e ao combate à leishmaniose.

O Senador Inácio Arruda está preocupado com o crescimento da doença em todo o país. Só no Hospital São José, em Fortaleza, três óbitos por leishmaniose visceral foram registrados, neste ano. Houve também pelo menos outros dois óbitos no Interior, nos municípios de Morrinhos e Groaíras. A doença, popularmente conhecida como calazar, mata mais do que a dengue, tem incidência maior em crianças e mortalidade maior em idosos. É transmitida por meio da picada de um mosquito chamado flebótomo, também conhecido como “mosquito-palha”.

A Semana de Combate a Leishmaniose, de acordo com o projeto do Senador, deverá ser celebrada, anualmente, na semana que inclui o dia 10 de agosto. A escolha se deve ao fato de que esta é a data de nascimento do médico e cientista brasileiro Evandro Lobo Chagas, que realizou estudos sobre doenças como febre amarela e malária, mas, principalmente, sobre a leishmaniose, tendo sido o coordenador da Comissão de Estudos de Leishmaniose Visceral Americana. Foi ele o descobridor dos primeiros casos humanos dessa doença no País, o organizador do Serviço de Estudos das Grandes Endemias, e o criador do Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN), instalado em Belém do Pará, cujo nome posteriormente passou a ser Instituto Evandro Chagas.

Segundo Inácio Arruda, autor do projeto, a expansão do número de casos de leishmaniose para áreas antes não endêmicas demonstra que há necessidade de programas educativos, de ação e controle, de difusão de meios de prevenção e combate. “A Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose vai proporcionar a realização de debates e outros eventos que possam, efetivamente, contribuir para reduzir a incidência dessa doença infecciosa de difícil controle, cujo combate é considerado prioritário pela OMS”, avalia o Inácio.

Em Fortaleza, já foram oficialmente confirmados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) 10 casos e um óbito. Dos dez casos, quatro pacientes começaram a apresentar sintomas neste ano e outros seis, no ano passado. Em 2008, foram registrados 195 casos e 13 óbitos e, em 2007, 252 casos e 15 óbitos. Segundo a SMS, foi registrado apenas um óbito porque os dados dos hospitais demoram a chegar à secretaria. No interior, os municípios que mais preocupam são:  Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato.

 

Características da Leishmaniose

A leishmaniose é uma doença infecciosa grave causada por protozoários do gênero Leishmania, que vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do organismo.

Transmitida aos seres humanos por meio da picada de fêmeas de pequenos insetos infectados, essa enfermidade afeta um número estimado de 1 milhão e 500 mil pessoas por ano no mundo, sendo endêmica em muitos países, sobretudo nas Américas, na Ásia e na África. Na América Latina, o Brasil é o país que registra o maior número de casos, cerca de 90% do total notificado.

Há duas formas conhecidas, a leishmaniose tegumentar, que afeta os tecidos cutâneos e mucosas, e a leishmaniose visceral ou calazar. A primeira forma é considerada mais branda, caracterizando-se por feridas na pele que se localizam, com maior freqüência, nas partes descobertas do corpo. Já a leishmaniose visceral ou calazar, bem mais severa, é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos, principalmente a medula óssea, o fígado e o baço que inflamam e aumentam de volume.

Os sintomas mais comuns do calazar são: febre, apatia, falta de apetite, fraqueza, aumento do volume abdominal e emagrecimento, afetando principalmente crianças menores de dez anos de idade, em especial as pobres e desnutridas. Ao lado dos mosquitos, os cachorros também são agentes transmissores dessa forma de leishmaniose.

Com a constante migração interna dos habitantes das zonas rurais para os centros urbanos e o crescimento desordenado das cidades, a leishmaniose, antes considerada doença de transmissão silvestre, tem se tornado um grave problema de saúde pública nas áreas urbanas.