História das Bienais da UNE, ciência, cultura e arte a favor do Brasil


A trajetória das Bienais remonta o próprio histórico da retomada da produção artística juvenil ao longo dos anos no Brasil – como se elas se interligassem, se encontrassem e se confundissem.

História das Bienais da UNE, ciência, cultura e arte a favor do Brasil A entidade sabia que era por meio de ações e projetos culturais que o Brasil conseguiria de forma eficiente estimular e auxiliar a preservação da natureza e do meio ambiente, a formação de uma comunidade justa, o combate de problemas sociais como a violência e formar, acima de tudo, a consciência de cidadania no estudante. “A linguagem da arte talvez seja das poucas que fala diretamente ao coração das pessoas, particularmente dos jovens”, relembrou Ricardo Capelli, presidente da UNE em 1999, época da 1ª Bienal da entidade.

A ideia das Bienais deu início à realização de um ousado projeto de resgate do trabalho cultural do movimento estudantil que havia se dissipado ao longo dos anos. A partir dessa data, houve a possibilidade de se desenvolver um movimento cultural organizado, levado adiante pela juventude universitária.

Ao longo destes 15 anos, as Bienais já pautaram temas importantes que refletem sobre a formação do povo brasileiro, como a herança africana na cultura do país, os vínculos do Brasil com a América Latina, a cultura popular e nossas raízes.

A 9ª Bienal da UNE acontecerá entre os dias 01 a 06 de fevereiro de 2015 no Rio de Janeiro. O tema desta edição será #VozesdoBrasil e faz um convite à reflexão sobre a linguagem no país. São esperados mais de 10 mil estudantes de todo o território nacional para celebrar a diversidade cultural produzida dentro e fora das universidades brasileiras.

1ª Bienal da UNE – Ciência, cultura e arte a favor do Brasil

A 1ª Bienal da UNE foi organizada inteiramente pelos próprios diretores da entidade e por militantes do movimento estudantil local.Com a realização desta edição, em 1999, na cidade de Salvador, na Bahia, a entidade retomou seu papel de referência no cenário cultural brasileiro e passou a influir novamente nos rumos do debate sobre a elaboração das políticas públicas para a área.

“Não tínhamos dinheiro, não tínhamos um conteúdo claro, não tínhamos apoio de nada nem de ninguém. Mas decidimos, fomos lá, e fizemos! Quando lançamos o edital [de seleção de trabalhos], boa parte de nós não acreditava que sairia do papel, até que um belo dia começaram a chegar quadros, livros e vídeos na sede da UNE. Decidimos fazer em Salvador, pois, além de sua tradição cultural, a cidade foi palco, 20 anos antes, do congresso de reconstrução da UNE”, explicou Ricardo Capelli.

Apesar dos pesares, deu tudo muito certo. Estudantes vivenciaram um momento único em Salvador, reatando o casamento da UNE com a cultura nacional. Esta primeira Bienal reuniu cerca de cinco mil jovens, além de diversas personalidades do mundo acadêmico, científico e artístico. A diversidade de opiniões sobre a cultura e seus desdobramentos se deu pelo olhar de artistas como Lenine, Chico César, Jorge Mautner e o grupo Racionais MCs, com uma apresentação memorável.

O início do festival é lembrado com emoção pelo presidente da UNE na época: “Eu sempre dizia que o principal objetivo da 1º Bienal era acontecer a 2º, e que não fosse um evento, mas o início de um novo movimento. Daqui a 40 anos vou contar para os meus netos como foi a abertura da 1ª Bienal. Ela foi construída pela turma da escola de circo Picolino, lá mesmo de Salvador, e dirigida por uma atriz e diretora sensacional. O momento mais marcante, sem dúvida, foi a presença de Milani [Francisco Milani, ator que faleceu em agosto de 2005], totalmente improvisada. O Milani, emocionado [‘fico arrepiado só de lembrar’], pegou a bandeira da UNE com as duas mãos e contou que ele estava dentro do prédio histórico da entidade, na praia do Flamengo, no dia em que a ditadura ateou fogo na sede. Depois de narrar estes momentos, pegou a bandeira da UNE com força, com as duas mãos e começou a gritar que o que o deixava mais feliz depois de tantos anos era saber que a UNE estava viva, ‘A UNE está viva!’, repetia ele emocionado aos gritos. Não preciso dizer que o teatro veio abaixo”.
Fonte: UNE